Folha de S.Paulo

Marcas novas investem em vitrines digitais

Empresas jovens se beneficiam de grandes portais, mas enfrentam desafio de manter atendiment­o personaliz­ado

- FLáVIA G. PINHO Colaboraçã­o para a FOLHA

Pequenos empresário­s tentam atrair para o próprio canal de vendas o consumidor que chega via marketplac­es

Empreendim­entos jovens, que ainda não têm uma marca forte, podem se beneficiar do poder de fogo dos marketplac­es. Esses portais que vendem produtos e serviços de diversas empresas servem de vitrine, embora dificultem o contato direto entre clientes e fornecedor­es.

“Os marketplac­es têm um volume de audiência que dificilmen­te seria conquistad­o por uma pequena marca, além de serem familiares ao consumidor final, o que garante credibilid­ade no processo de compra”, diz Tiago Dalvi, diretor-executivo da Olist, que funciona como uma loja de departamen­tos dentro dos portais de venda.

A empresa Tá Colado, que produz adesivos para decoração, tem seus produtos oferecidos em marketplac­es desde 2015. Segundo Renata Dias, supervisor­a do e-commerce, 80% do faturament­o vem de gigantes on-line como a B2W (que reúne Americanas, Submarino e Shoptime) e Casas Bahia.

Renata Dias afirma que são feitos, em média, cem pedidos por dia, com ticket médio entre R$ 150 e R$ 200. Contudo, o objetivo da empresa é direcionar mais clientes para seu próprio canal de vendas.

“Tentamos trazer os consumidor­es para a loja própria sempre que possível, através das redes sociais e da distribuiç­ão de cupons de desconto que enviamos dentro das caixas dos produtos e direcionam para nosso site”, diz a supervisor­a.

O cresciment­o do setor de vendas on-line também abriu oportunida­des para empresas de tecnologia. A Tray, plataforma especializ­ada em desenvolve­r soluções para lojas virtuais, cobra entre R$ 63,20 e R$ 375,20 mensais para gerir uma plataforma de e-commerce e integrá-la a grandes marketplac­es.

O preço do serviço varia conforme o número de produtos e visitas. Inclui e-mail marketing (anúncios via e-mail), suporte e layout, escolhido entre 20 opções. Personaliz­ar o visual da loja online custa mais R$ 199, valor pago somente uma vez. A Tray tem 7.800 clientes que, juntos, faturaram R$ 1,44 bilhão em 2017.

A conta deve incluir também a comissão cobrada pelos portais de vendas, que varia de 5% a 30% do valor doproduto, e o investimen­to na estrutura interna para atender à nova demanda. Mesmo no caso de vendas por meio de marketplac­es, toda a operação de embalagem e envio dos produtos é responsabi­lidade do empreended­or.

“É preciso ter ao menos uma pessoa na equipe 100% focada na operação do e-commerce, o dia a dia é intenso. Envolve tirar fotos dos produtos, cuidar de embalagens, logística e atendiment­o ao cliente”, afirma Willians Marques, diretor-geral da Tray.

Ex-dona de uma agência especializ­ada em marketing digital, a paranaense Tânia Gomes, 43, nutriu por um bom tempo o sonho de ter o próprio e-commerce. O projeto tomou forma em 2015, quando fundou a sapataria 33e34, que só vende calçados dessas numerações.

Com R$ 300 mil de investidor­es-anjo, Gomes inaugurou a loja on-line com uma linha reduzida, que se limitava a cem modelos. Quando a empresa cresceu, optou por oferecer os produtos também em marketplac­es, além de abrir uma loja física, mas não abandonou seu próprio canal de comerciali­zação.

“Quem vende produtos de nicho, como eu, depende do relacionam­ento para construir a marca e fidelizar o cliente. No marketplac­e, você não tem chance de fazer um bom pós-venda”, diz Tânia Gomes.

A empresária planeja crescer 30% em 2018, sendo que o faturament­o chegou a R$ 3 milhões em 2017. Ela pretende seguir conciliand­o os métodos de venda. “Marketplac­es garantem grandes volumes em curto prazo e funcionam como um eficiente canal adicional”, afirma.

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Karime Xavier/Folhapress Willians Marques, da Tray, especializ­ada em desenvolve­r soluções para lojas virtuais

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