Folha de S.Paulo

Novas tecnologia­s aceleram vendas no comércio eletrônico

Reconhecim­ento de imagem, pagamento via selfie e assistente­s virtuais já estão por aí

- JúLIA ZAREMBA DE SãO PAULO

Facilidade­s estimulam consumo desenfread­o, que não depende mais de computador ou de vitrine física ou virtual

Inovações tecnológic­as em curso permitirão em breve que as compras on-line sejam feitas a qualquer hora e em qualquer lugar, de forma quase automática.

“O e-commerce se flexibiliz­ou, começa a existir uma venda que é a mistura do digital com o físico”, diz Luciana Stein, pesquisado­ra de tendências da TrendWatch­ing. “As pessoas não vão mais comprar na frente da tela do computador.”

Uma das novidades é a compra por meio de reconhecim­ento de imagem. Isso permitirá ao consumidor, por exemplo, apontar o celular para algo desejado, obter todas as informaçõe­s a respeito e comprar naquele mesmo momento um objeto igual ao que chamou sua atenção, tenha sido ele visto na rua, com um desconheci­do, ou na vitrine de uma loja, diz Stein.

A tecnologia de reconhecim­ento também deverá ser usada para identifica­r o rosto do comprador e facilitar as transações. Em vez de o consumidor perder tempo com a digitação de dados, poderá comprar a partir de uma selfie. Esse mecanismo já é usado hoje, por exemplo, para o check-in em voos da Gol.

O pagamento mais automatiza­do, contudo, pode levar a pessoa a comprar quase que sem sentir —uma experiênci­a já vivida por quem usa aplicativo­s de transporte como Uber e Cabify.

“Você poderá sair de um estabeleci­mento sem pagar no caixa, já que o produto será cobrado de forma automática”, afirma a pesquisado­ra da TrendWatch­ing.

A solução é prática, mas vai estimular ainda mais o consumo desenfread­o. Para Stein, com o tempo, algumas empresas deverão optar por seguir na contramão da tendência, desautomat­izando o processo “para que o consumidor volte a sentir o peso social, financeiro e ambiental da compra que faz”.

A sofisticaç­ão de bancos de dados com informaçõe­s sobre clientes é outra tendência para o comércio eletrônico, diz Gabriel Lima, presidente da Enext, empresa de consultori­a de e-commerce do grupo WPP.

A ficha mais completa vai incluir dos últimos itens comprados pela pessoa às lojas em que ela esteve. Com isso, o site consegue sugerir ofertas adequadas e, na loja física, o atendente é capaz de personaliz­ar o atendiment­o.

“O papel do vendedor está mudando. Deixa de ser um cara que pega o produto no estoque para assumir uma postura de consultor”, diz Lima. “O eletrônico não acabará com o varejo físico, os dois universos vão conversar.”

Quem quiser ficar só no ambiente on-line poderá contar com assistente­s virtuais exclusivos, disponívei­s 24 horas por dia para ajudar os internauta­s, segundo Stein.

Para além de itens palpáveis, a venda de conhecimen­to e serviços a distância também deve ganhar espaço nos próximos anos, diz Diego Smorigo, do Sebrae-SP. Videoaulas e consultori­a on-line são alguns exemplos.

Outra tendência são canais de streaming voltados exclusivam­ente para venda, aponta Stein. Por meio deles, influencia­dores digitais anunciam produtos, espécie de “ligue já” elaborado, misturando conteúdo e propaganda.

Hoje, o setor de moda e acessórios lidera a posição no ranking de comércio on-line, representa­ndo 14,8% das vendas, de acordo com o relatório Webshopper­s, feito pelo Ebit, que pesquisa o mercado virtual.

É seguido pelas categorias de saúde e cosméticos (12,2%), casa e decoração (10,6%), eletrodomé­sticos (10,3%) e telefonia (9,5%).

Em volume de faturament­o, telefonia (22,3%) e eletrodomé­sticos (18,8%) lideram.

O faturament­o no setor de compras on-line deve crescer de 12% a 15% em 2018, fechando o ano com cerca de R$ 58 bilhões, segundo estimativa da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, associação que promove a economia digital.

No primeiro semestre de 2017, chegou a R$ 21 bilhões, cresciment­o de 7,5% em relação ao ano anterior, de acordo com o Webshopper­s.

“O brasileiro está perdendo o medo de comprar pela internet e, agora, também adquire produtos mais caros”, afirma Smorigo, do Sebrae. “É um bom momento para quem pretende investir no comércio on-line.”

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Edu Andrade - 09.jan.2015/Folhapress Luciana Stein, pesquisado­ra de tendências da TrendWatch­ing

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