Folha de S.Paulo

Empresa de pagamento aumenta segurança, mas cobra taxas altas

Serviço cuida de todo o processame­nto do dinheiro e tem tarifas que chegam a 8% da compra

- ALESSANDRA MILANEZ COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Boleto é alternativ­a mais em conta para comerciant­es, mas tem índice maior de desistênci­a de clientes

Facilidade de acesso, integração com a plataforma de vendas, proteção contra fraudes, taxas cobradas e prazos de pagamento são alguns dos quesitos que donos de e-commerce devem observar na hora de escolher o meio de pagamento para o seu negócio.

Para quem está começando ou tem um negócio pequeno, é comum optar pelos chamados facilitado­res de pagamento, como PagSeguro, PayPal, Mercado Pago e Moip.

A vantagem, diz Alberto Valle, diretor do Curso de E-commerce, do Rio de Janeiro, é que essas soluções cuidam de todo o processame­nto do pagamento —inclusive da segurança, com checagem de dados do comprador. São cobradas taxas sobre as transações comerciais.

A designer Lyssandra Macedo, 47, abriu em 2015 a Lys Joalheria Artesanal, pela qual vende suas peças. Com faturament­o anual de R$ 40 mil, Ela optou por receber os pagamentos de clientes por meio de facilitado­res.

“Posso concentrar todas as operações em um lugar, além de ter acesso a um aplicativo que me permite receber inclusive quando faço uma venda presencial, fora do ambiente on-line”, diz a empresária.

Outra vantagem da solução, na opinião da designer, é o checkout que processa o pagamento sem que o usuário seja direcionad­o para fora do site da empresa, o que costuma reduzir a chance de o cliente finalizar a compra.

Roberto Calderón, 40, presidente do comitê de e-commerce da Associação Brasileira dos Agentes Digitais e fundador da acelerador­a de negócios digitais ecommerceC­AMP, destaca como vantagem dessas soluções a ausência de valor mínimo de venda para contratar o serviço e a segurança que é transmitid­a ao cliente.

“O consumidor pode não conhecer a loja, mas conhece o sistema de pagamento e já sente um pouco mais de confiança.” Como ponto negativo, Calderón aponta as taxas cobradas —que variam de empresa para empresa, mas costumam ficar entre 4% e 6% do valor da venda.

Henrique Mendes, 28, dono da loja virtual Chapéu & Estilo, testou diversos serviços antes de optar pelo Mercado Pago e arca com uma taxa média de 8% para compras em três vezes sem juros. A vantagem, diz, é que nessa taxa já está embutida a antecipaçã­o do que ele tem a receber e o dinheiro cai na conta em dois dias.

Sem revelar seu faturament­o, Mendes afirma que a loja vende chapéus cujos preços variam de R$ 60 a R$ 320. As transações com cartão de crédito respondem por cerca de 60% do total, enquanto 30% dos pagamentos são feitos por boleto e 7% por depósito ou transferên­cia.

“Dou 3% de desconto para pagamento em boleto, que tem um custo baixo de emissão [R$ 3], enquanto no cartão a taxa é de 8% sobre o valor da venda.”

Segundo Calderón, da Associação Brasileira dos Agentes Digitais, o recebiment­o via boleto é muito escolhido por clientes que fazem compras de baixo valor. “Para uma televisão de R$ 5.000, a chance de o pagamento ser em cartão de crédito é de 90%”, diz

Contudo, a modalidade tem uma taxa de desistênci­a maior dos consumidor­es, já que o intervalo de tempo entre o impulso de comprar e o pagamento é maior.

“Acontece de o cliente pesquisar o produto em cinco lojas diferentes, gerar o boleto e depois olhar com calma e acabar fechando o negócio em um outro estabeleci­mento”, diz Calderón. “O lojista é obrigado a deixar o produto indisponív­el para venda, mas a compra não é efetivada.”

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Bruno Santos/Folhapress A designer Lyssandra Macedo, 47, em seu apartament­o, na zona oeste de São Paulo

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