Não basta fiscalizar e punir
O caminho do TSE para barrar notícias falsas não pode se resumir ao binômio fiscalização/punição. Educação é a melhor arma
Ao assumir a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no dia 6, o ministro Luiz Fux falou sobre notícias falsas —esse conjunto de informações publicadas nas redes sociais, com o poder de derreter reputações e destruir candidaturas.
De forma contundente, Fux afirmou que é papel do maior órgão eleitoral do país “neutralizar esses comportamentos anti-isonômicos e abusivos”, de forma a garantir que a campanha deste ano seja justa e derive em resultado verdadeiramente democrático.
A preocupação de Fux é valiosa. Mais de 140 milhões de brasileiros têm o direito de comparecer às urnas em outubro; para decidir seu voto, terão usado as informações ao seu alcance.
No entanto, o caminho adotado pelo TSE para “neutralizar” notícias falsas não pode se resumir ao binômio fiscalização/punição, à criação de leis e à consequente criminalização. Não seria o suficiente.
Há quatro anos dedico-me a combater a desinformação na política. Analiso frases e imagens compartilhadas pelos brasileiros e estou acostumada a detectar afirmações falsas, exageradas e contraditórias publicadas aqui e acolá.
Por isso sugiro ao ministro Fux que aposte também na educação — esta, sim, a melhor arma para fazer frente às notícias falsas.
De acordo com o “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, projeto de pesquisa da USP, todos os dias circulam na internet brasileira entre 3.000 e 5.000 novas notícias relacionadas à política.
O TSE precisaria, portanto, de um exército de checadores para analisar cada uma delas e descobrir se são verdadeiras ou não. O tribunal está preparado para isso? Quem faria esse trabalho?
Nos últimos meses, o Brasil desembolsou cerca de R$ 60 milhões em campanhas publicitárias voltadas a popularizar os termos da reforma da Previdência.
Por que não adotar o mesmo caminho para dar ao eleitor uma dimensão real do que é a notícia falsa e de como ela, sem dúvida, o atingirá durante a campanha?
Por que não montar uma série de propagandas mostrando que, diante de uma postagem em rede social, o eleitor deve sempre desconfiar, verificando a fonte dos dados apresentados, se a publicação é recente (ou algo velho, requentado) e se a URL contém algo duvidoso?
Por que não criar, aos moldes do “Minuto da Previdência”, o “Minuto da Checagem” ou o “Minuto da Verdade”, programas que mostrem claramente o impacto do compartilhamento de uma notícia falsa?
Desde abril de 2017 ensino técnicas básicas de checagem de dados. Já tive mais de 3.000 alunos. Semeei entre eles a importância de estarem atentos ao que recebem e compartilham. Constatei que os brasileiros não só são capazes de fazer frente às notícias falsas como também desejam se transformar em cidadãos digitais completos.
Afinal de contas, o jeito mais rápido e fácil de deter a proliferação de uma informação falsa é conseguindo que, de livre e espontânea vontade, ninguém mais a compartilhe. CRISTINA TARDÁGUILA Vitaminas Como sempre, Drauzio Varella (“Vitaminas e Suplementos”, “Ilustrada”, 17/2) leva uma informação importante para a população. Por uma tradição, a agência FDA (Food and Drug Administration), nos Estados Unidos, não tem autoridade sobre venda de suplementos alimentares. A Anvisa, no Brasil, tem seguido esse modelo e não consegue tirar das farmácias produtos inúteis que enganam a população —não apenas vitaminas mas também porções que prometem para curar a ressaca.
ISAIAS RAW, SP)
Folha, 97 A Folha agradece as mensagens pelos seus 97 anos recebidas de Rui Altieri Silva, presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (São Paulo, SP), de Rogério de Souza Pires, cartunista (Umuarama, PR), e de