Folha de S.Paulo

Governador promete apoio ao PSDB e acena a Doria

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DE SÃO PAULO

O governador Geraldo Alckmin declarou que apoiará o candidato do PSDB à sua sucessão, em detrimento da campanha de seu vice, Márcio França (PSB).

O tucano ainda afirmou, em entrevista a José Luiz Datena, na rádio Bandeirant­es, nesta sexta-feira (16), que as prévias para a definição do nome que disputará o governo paulista pelo seu partido “provavelme­nte ocorrerão agora no mês de março”.

Com isso, o tucano reafirmou calendário que beneficia eventual candidatur­a do prefeito João Doria.

Emissários de Alckmin correram para apagar o incêndio, negando que o governador tenha sinalizado apoio a Doria por causa da declaração.

“O candidato nosso será o candidato do PSDB”, disse Alckmin à rádio. “Tenho grande respeito pelo Márcio França, grande apreço, a candidatur­a dele é legítima, ótima pessoa, mas o PSDB deverá ter candidato.”

Sua fala ocorre em momento de articulaçã­o dos outros três pré-candidatos tucanos ao governo de SP para retardar a realização das prévias e, com isso, tentar atrapalhar a movimentaç­ão de Doria.

José Aníbal, Floriano Pesaro e Luiz Felipe d’Ávila decidiram pleitear que as prévias ocorram em abril ou maio, depois de dez debates pelo Estado. Se conseguiss­em efetivar o plano, obrigariam Doria a deixar a prefeitura sem garantia de candidatur­a.

Depois da fala de Alckmin, porém, o tom mudou.

Pesaro disse que “reafirma sua posição” a favor de prévias nacional e estadual no mesmo dia “para economia de recursos públicos e maior mobilizaçã­o da militância”. Para ele, “o ideal seria realizar as prévias até o final de março”.

Aníbal afirmou que, “se não tiver como mudar, vamos em março, vamos para cima, mas não tem recuo mais”.

Tucanos disseram que dão por descartada eventual aliança do PSB de França com Alckmin, que provavelme­nte disputará a Presidênci­a da República. Defendem, agora, que Doria se reúna com França para fazer um acordo de cavalheiro­s para 2018.

Reservadam­ente, pessoas do entorno de Alckmin dizem que os gestos em favor de França, com declaraçõe­s de aliados em apoio ao vice, objetivara­m evitar estremecim­entos na relação e dores de cabeça durante a campanha.

Ao mesmo tempo, a aliança do PSD com Alckmin avançou. O partido negocia a vice em uma chapa no governo estadual, apostando que Doria será o candidato.

Com boa relação com o presidente Michel Temer, o prefeito teria melhores condições de agregar o MDB, negociando, por exemplo, uma vaga ao Senado ao pré-candidato Paulo Skaf, ainda que este diga que irá até o fim.

Decidido a deixar a prefeitura, mesmo sem admiti-lo, Doria tem apoio de dezenas de prefeitos, deputados federais e estaduais. (THAIS BILENKY)

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Claudinei Ligieri - 5.fev.2018/Futura Press/Folhapress O governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e seu vice, Márcio França (PSB), durante cerimônia no início do mês

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