Folha de S.Paulo

País fica longe de gasto ‘mínimo’ com educação

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devemos considerar?

O gasto em educação no Brasil ainda é baixo. A primeira lição que aprendi pesquisand­o os países que aparecem no topo das comparaçõe­s do Pisa é que seus líderes parecem ter convencido seus cidadãos a fazer escolhas que valorizam mais a educação do que outras coisas.

No Brasil e na maior parte do mundo ocidental, os governos começaram a pegar emprestado o dinheiro das próximas gerações para financiar seu consumo hoje, e a dívida que fizeram coloca um freio enorme no progresso econômico e social. O Brasil é um país em desenvolvi­mento grande com uma parcela crescente de jovens. Ainda que, como parcela do PIB per capita, o gasto brasileiro por estudante seja maior do que a média da OCDE, esse ainda não é o nível ideal. Alguns países que gastam o mesmo ou menos do que o Brasil têm melhores resultados no Pisa. Isso mostra que nossos investimen­tos não têm sido eficientes?

Sim, mesmo quando o gasto médio parece adequado, isso não significa automatica­mente que o dinheiro é empregado onde ele pode fazer maior diferença. A chave é priorizar o gasto de forma que ele possa aumentar a qualidade do magistério, casar recursos com necessidad­e.

DE SÃO PAULO

Pesquisas têm mostrado que o aumento de investimen­tos em educação não leva necessaria­mente a um melhor desempenho dos estudantes. A OCDE confirma o diagnóstic­o, mas ressalta que ele é válido apenas a partir de um patamar mínimo de gasto por aluno do qual o Brasil permanece distantes.

O investimen­to médio por estudante brasileiro de 6 a 15 anos é de US$ 38 mil dólares em paridade do poder de compra (medida que considera diferenças no custo de vida entre os países). Segundo a OCDE, incremento­s de gastos por aluno até US$ 80 mil dólares, em PPC, afetam os resultados dos jovens de 15 anos que fazem o Pisa a cada triênio.

Acima desse patamar, maiores investimen­tos deixam de ter relação direta com as notas, que passam a depender muito mais da eficiência dos gastos.

A conclusão consta de um documento que será apresentad­o por Andreas Schleicher, diretor da OCDE, na próxima terça (20), em São Paulo. No evento, organizado pela instituiçã­o e pelo Ministério da Educação, com apoio da Fundação Santillana e da Secretaria-geral Iberoameri­cana, será discutido o desempenho dos países desse grupo.

No caso do Brasil, além de baixa, a alocação de recursos para a educação é pouco eficiente, segundo a OCDE. Várias nações que têm gasto por aluno próximo ou até menor do que o brasileiro —como Turquia, Tailândia, Uruguai e Colômbia— alcançaram melhores resultados na prova de ciências do último Pisa.

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