Folha de S.Paulo

Cartões tentam compensar novo rotativo, diz SPC

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DE SÃO PAULO

O esforço para tentar reduzir o uso do parcelamen­to sem juros no comércio brasileiro é uma tentativa de compensar as perdas com receita que os bancos tiveram após as mudanças no rotativo do cartão de crédito no ano passado, segundo a SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).

“Com a descontinu­idade do rotativo do setor de pagamento, os bancos tentam fazer um redesenho da operação. Trata-se mais disso do que de uma melhoria para o consumidor”, diz Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil, administra­da pela CNDL (Confederaç­ão Nacional dos Dirigentes Lojistas).

Em abril de 2017, entraram em vigor as novas regras para o rotativo. O CMN (Conselho Monetário Nacional) proibiu os bancos de deixar os clientes no rotativo por mais de 30 dias.

“O varejo se estruturou para oferecer o parcelado sem juros, e quem pagava a conta toda da inadimplên­cia para os emissores, grosso modo, era o rotativo. A obrigação de ficar no rotativo por 30 dias fez com que o parcelado sem juros fosse repensado pelos emissores”, afirma Pellizzaro Junior. QUEDA DA SELIC Para Cristina Helena Pinto de Mello, professora de economia do consumo da ESPM, a redução expressiva da taxa básica de juros no último ano também forçou os bancos a repensar suas estratégia­s e produtos.

“Estamos aprendendo a viver com taxas de juros nominais mais baixas”, afirma Mello.

Augusto Lins, presidente da Abipag (Associação Brasileira de Instituiçõ­es de Pagamentos), também vê a mudança como forma de os bancos ampliarem suas receitas. “A proposta induz o financiame­nto pelo consumidor a uma taxa muito maior que a da indústria de varejo”, diz.

“O resultado disso é que haverá um volume colossal de recursos hoje direcionad­os ao consumo que serão desviados para o pagamento de juros a bancos”, afirma. “Parece uma grande manobra para aumentar o parcelamen­to com juros que os bancos recebem.” (DBEAF)

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