Após intervenção, Rio tem rebelião e tiroteio com mortos
Ministro da Justiça afirmou que é ‘natural’ que crime organizado teste a capacidade das forças federais
Torquato Jardim disse ainda que criar pasta da Segurança não é ‘pôr no colo da União problemas dos Estados’
Dois dias após o anúncio da intervenção federal no Rio, detentos iniciaram neste domingo (18) uma rebelião na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense.
A intervenção anunciada na sexta (16) transfere ao general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar do Leste, a gestão das forças de segurança do Estado, incluindo as polícias limitar e civil, os bombeiros e a administração penitenciária.
Oito agentes que trabalhavam na unidade foram feitos reféns. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse que quatro deles já haviam sido liberados até o fechamento desta edição.
O motim começou depois que as equipes da penitenciária impediram uma tentativa de fuga na tarde deste domingo. Os agentes foram rendidos enquanto faziam a contagem dos presos.
Mais cedo, a Secretaria de Administração Penitenciária havia anunciado no domingo que reforçara a segurança nos presídios cariocas após o anúncio da intervenção, como prevenção contra eventuais reações da população carcerária.
“Uma série de medidas operacionais foram adotadas com o objetivo de impedir instabilidades no sistema carcerário”, disse, em nota, o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony Gonçalves Alves.
A Seap não detalhou quais são as medidas, alegando “questões de segurança”. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a Penitenciária Milton Dias Moreira tem capacidade para 884 detentos, mas mantinha em janeiro 2.027 presos.
Relatório de inspeção do CNJ referente ao mês de janeiro informa que foram achadas armas de fogo e aparelhos de celular na penitenciária e que as condições dela são ruins.
Neste domingo (18), o ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que é previsto haver reações à intervenção federal no Estado. “É natural que haja um desafio no primeiro momento. Natural que o crime organizado teste a capacidade de operação das forças federais”, disse. ‘NO COLO’ O ministro também afirmou que a criação do Ministério da Segurança Pública não significa que o governo federal assumirá sozinho as dificuldades das unidades federativas.“Criar um Ministério da Segurança Pública não é colocar no colo da União problemas que são dos Estados. É compartilhar experiências, recursos, informações, inteligência”, disse.
Ele afirmou que ainda não há definição sobre o titular da pasta, mas que será escolhido alguém que tenha interlocução política e converse com os governos estaduais.
Questionado sobre se o Ministério da Justiça será esvaziado com a transferência da Polícia Federal para a nova pasta, ele nega. “O Ministério da Justiça tem 17 secretarias. Vou continuar com a Funai e a questão migratória, a questão de direito econômico, do direito do consumidor. Muita tarefa continua e, além do mais, pela própria natureza dos ministérios o trabalho será conjunto.” FIM DE SEMANA O fim de semana no Rio registrou ainda um tiroteio em Bangu, na zona oeste do Rio, na manhã de domingo (18), que deixou três pessoas mortas, incluindo um sargento da Polícia Militar que estava de folga, e quatro feridas.
No mesmo dia, equipes da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Salgueiro foram atacadas por criminosos. Não há registro de feridos.
No sábado (17), após denúncia, a polícia encontrou um homem morto e outro ferido na Tijuca, na zona norte da cidade. Com os dois, apreendeu um revólver, munições e duas motos sem placas.
A polícia suspeita que os dois tenham sido baleados ao tentar um assalto.
Tambem no sábado, três equipes da concessionária de energia Light foram sequestradas para religar a luz em bairros que sofriam problemas no fornecimento desde o temporal de quinta (15). (TALITA FERNANDES)