Folha de S.Paulo

De origem humilde, Volpi

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iniciou o contato com a arte como pintor decorativo de casarões. Foi dali que, em 1914, começou a pintar em telas.

As obras dos anos 1920 e 1930, época em que seus quadros ainda mostravam certo classicism­o, não estão na mostra monegasca. Segundo Cristiano Raimondi, essa foi uma escolha sua para tornar a exposição mais didática e interessan­te aos locais.

Com mais de 80 trabalhos, de coleções particular­es e financiada pela galeria Almeida e Dale, a exposição mostra a carreira do colorista das décadas de 1940 a 1970.

Pinturas que retratam paisagens rurais e urbanas estão na primeira parte da exposição. Nessa época, as telas eram predominan­temente feitas à base de tinta a óleo, que mais tarde seria substituíd­a pela têmpera.

Elas são seguidos pelas criações do período “concreto” de Volpi, feitas nos anos 1950 após a sua participaç­ão na primeira Bienal de São Paulo.

Analisando algumas obras da exposição, como uma em que um padre é retratado, Mastrobuon­o relembra que Volpi não gostava de classifica­ções nem era adepto de algum movimento artístico.

“Se isso é uma obra concreta, esse padre teria dificuldad­es de locomoção, além de um pé 42 e outro 37”, brinca o diretor do instituto sobre a não simetria utilizada pelo artista em seus trabalhos.

A exposição segue com obras dos anos 1960 e 1970, reunindo pinturas das famosas bandeirinh­as intercalad­as por mastros que trazem à sua obra cores e ritmo. PAIXÃO BRASILEIRA Essa não é a primeira vez que o curador Cristiano Raimondi leva um artista brasileiro a Mônaco. Em 2015, as criações do fotógrafo Hercule-Florence foram expostas no principado francês. A partir disso, ele teve o primeiro contato com o trabalho de Volpi.

“Na verdade, eu não gosto de pinturas, sou apaixonado por fotografia”, contou Raimoni durante um jantar em Mônaco. Mas, segundo ele, logo que viu as obras de Volpi ficou fascinado pelas cores e formas com que ele trabalha.

Foi por meio de Raimondi e após o contato com o franco-brasileiro Florence que a diretora do museu, MarieClaud­e Beaud, conheceu melhor a carreira de Volpi.

Segundo o curador, outras instituiçõ­es na Europa —cujos nomes ele preferiu não citar— já demonstrar­am interesse em receber mostra, mas o martelo ainda não foi batido com nenhuma delas.

A retrospect­iva “La Poétique de la Couleur” fica em cartaz no Museu Nacional de Mônaco até o dia 20 de maio, com ingressos a 6 euros. ISABELLA MENON

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