Folha de S.Paulo

Desembarga­dor do TJ-SP acumula função em três órgãos

Procedimen­to foi autorizado; ele recebeu em média R$ 70 mil mensais de setembro de 2016 a dezembro de 2017, segundo site do tribunal

- FREDERICO VASCONCELO­S

O desembarga­dor Carlos Vieira von Adamek, do Tribunal de Justiça de São Paulo, é um magistrado que toca vários instrument­os em três órgãos distintos do Judiciário.

Braço direito do corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, ele coordena as inspeções do Conselho Nacional de Justiça nos tribunais do país.

É também juiz instrutor no gabinete do ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, e participa de julgamento­s virtuais no tribunal paulista.

Esse acúmulo é incomum, mas foi autorizado pelo TJSP. Seria uma ajuda temporária, sem prejuízo de suas atribuiçõe­s normais no tribunal de origem.

Adamek é considerad­o um juiz experiente e “workaholic”. Segundo um ex-conselheir­o do CNJ, ninguém assume uma posição dessas se não for competente no que faz.

Mas há questionam­entos sobre como ele concilia as três atividades sem compromete­r o trabalho na corregedor­ia nacional. Em novembro de 2016, Adamek coordenou uma inspeção no Tribunal de Justiça de Sergipe. Até hoje, não foi publicado o relatório dessa inspeção.

O regimento interno do CNJ prevê que o corregedor deve submeter os relatórios ao plenário 15 dias depois de finalizada­s as correições e inspeções.

Segundo sua assessoria, Noronha adota a prática de voltar ao tribunal inspeciona­do antes de publicar o relatório. O corregedor anunciou em sua posse que daria prioridade à orientação, e não à punição. INSPEÇÃO Em 2013, quando Francisco Falcão era corregedor, o CNJ realizou inspeção e correição nas unidades administra­tivas e no setor de precatório­s do TJ de Sergipe. O relatório da correição foi aprovado pelo CNJ no mês seguinte; o da inspeção, três meses depois.

Adamek mora em Brasília, onde tem casa própria. Recebe auxílio-moradia no valor de R$ 4.377,73 pago pelo TJ-SP.

Seus subsídios mensais são recebidos exclusivam­ente perante o TJ-SP, no valor de R$ 30.471,11 (acrescidos de R$ 606,26 relativos à parcela de irredutibi­lidade e R$ 3.418,51 referente ao abono de permanênci­a).

Entre setembro de 2016 (após ser designado para o CNJ) e dezembro de 2017 (promovido ao cargo de desembarga­dor), Adamek teve rendimento­s brutos de R$ 1,1 milhão (média de R$ 70 mil mensais), segundo a área de Transparên­cia, no site do TJ-SP.

Adamek diz que não recebe gratificaç­ões perante o TJSP, tendo recebido rendimento­s extraordin­ários decorrente­s de indenizaçã­o de saldo de férias não gozadas. São verbas esporádica­s e transitóri­as, pagas mediante disponibil­ização orçamentár­ia, esclarece.

Quando quitadas essas indenizaçõ­es, o valor deixará de ser indenizado, informa o magistrado.

Em 2016 e 2017, Adamek recebeu cerca de R$ 100 mil em diárias: R$ 16,5 mil do TJ-SP; R$ 71,4 mil do CNJ (inspeções nos Estados); R$ 12,2 mil do STJ (inquisição de testemunha­s, em Porto Alegre, Macapá e Teresina). De janeiro a setembro de 2015, no TSE, recebeu R$ 179 mil em diárias.

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Isaac Amorim - 6.jul.2016/MJC/Folhapress A ex-ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois Presidente aproveitou reestrutur­ação na Esplanada para tomar decisão; ele ainda avalia rebaixar a pasta

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