Além disso, é preciso proporcionar energia mais barata para a população pobre.
Folha - Qual é a sua proposta?
Efraín Alegre - Temos um país com bom crescimento (4,3% em 2017), mas cuja pobreza atinge a 28,9% da população, e essa cifra veio crescendo nos últimos dois anos de gestão de Horacio Cartes.
Em nossa campanha, ouvimos queixas do setor de agricultura familiar e de pequenos e médios empresários, que creem que os investimentos do atual governo não os têm como prioridade. Vamos mudar isso. Defendemos uma política de criação de empregos e de oportunidades iguais a todos, assim poderemos diminuir esse índice de pobreza. E de onde viriam os recursos?
Sobretudo da energia. Ainda a exportamos a baixo custo e, do que é destinado ao uso interno, tiramos pouco proveito. Investiremos em infraestrutura e numa política para que boa parte do rendimento da energia produzida aqui seja usufruída aqui [hoje, o Paraguai tem direito a 50% da energia produzida na usina binacional de Itaipu, mas consome apenas 5% —o restante é vendido ao Brasil, seu sócio].
A energia também deve ser usada como elemento de negociação para melhorar nossa inserção no mercado internacional. Nos últimos 70 anos, nossa política tem sido de entrega dos grandes interesses nacionais ao Brasil e à Argentina, e isso precisa mudar. Qual é o principal legado negativo da presidência Cartes?
A promiscuidade entre as instituições e uma Justiça resignada ao Executivo. Precisamos mudar a cultura da impunidade para quem trafica drogas, maneja contrabando e outros delitos de grande porte. Isso só é possível com uma reforma institucional.
O contrabando de cigarros [que envolve empresas ligadas a Cartes] é uma vergonha internacional que afeta nossa imagem e causa danos a economias da região. Quanto ao narcotráfico e ao descontrole de nossas fronteiras, adotaremos uma linha dura. São nossos grandes problemas. No Paraguai, há grande presença de empresas brasileiras e de “maquilas” [fábricas que exportam 100% da produção, com isenção de impostos]. Isso prejudica investidores locais e pequenos produtores?