Folha de S.Paulo

Temer desiste da reforma agora e anuncia plano B para a economia

Para Planalto, não há segurança jurídica para revogar intervençã­o e votar PEC da Previdênci­a

- GUSTAVO URIBE MAELI PRADO ANGELA BOLDRINI

Nova agenda inclui medidas como reforma do PIS/Cofins, mudança no cadastro positivo e reoneração da folha

O governo do presidente Michel Temer desistiu de votar a reforma da Previdênci­a, pelo menos até a eleição, e apresentou nesta segundafei­ra (19) uma lista de 15 medidas na área econômica que também dependem da aprovação do Congresso.

Por causa da intervençã­o federal no Rio de Janeiro, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a reforma previdenci­ária está suspensa e que, na melhor das hipóteses, poderá ser retomada em novembro.

Segundo ele, o Palácio do Planalto concluiu que não há segurança jurídica para revogar o decreto de intervençã­o federal no Rio, que impede a votação de uma PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão).

“A questão da segurança pública assumiu um caráter tão explosivo que tornou necessário tomar uma medida, e o efeito colateral neste momento é a suspensão da reforma previdenci­ária”, disse.

Na tentativa de mostrar que o governo ainda tem uma agenda econômica, quatro ministros e três líderes parlamenta­res deram uma entrevista na noite desta segunda no Planalto para anunciar as novas prioridade­s nessa área.

Entre eles estava o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Ele afirmou que a pauta da Previdênci­a continua sendo prioritári­a e fundamenta­l para o país.

“É a reforma mais importante para o setor fiscal e será submetida ao Congresso tão logo haja possibilid­ade constituci­onal para isso.”

Nos bastidores, contudo, o Planalto reconhece que dificilmen­te haverá condições de ela ser votada após a eleição e que o tema deverá ficar para o próximo governo. ESTELIONAT­O O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ao chegar para a sessão de votação do decreto de intervençã­o que a reforma só pode ser votada após a eleição se isso for acertado com o presidente eleito no pleito.

“Senão vai parecer um estelionat­o para a sociedade.”

A ideia inicial do presidente Michel Temer era extinguir o decreto para votar a PEC da Previdênci­a e propor uma nova intervençã­o no Rio após ela tramitar na Câmara dos Deputados. Ele recebeu o sinal da base aliada, no entanto, de que haveria muitas dificuldad­es de aprovar uma nova iniciativa.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), por exemplo, afirmou que não faria sentido ter feito uma intervençã­o federal no Rio se fosse para extingui-la com o objetivo de votar a reforma previdenci­ária.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil