Fernando Haddad, renovação e experiência
A renovação e a abertura política que definem a atuação de Haddad são as únicas alternativas do PT para evitar a obsolescência
Em tempos de esgotamento da chamada política tradicional, Fernando Haddad representa renovação ao mesmo tempo em que detém reconhecida experiência na administração pública.
Além disso, é a principal liderança com a transversalidade necessária para reunir a oposição do atual governo. Seu trânsito entre as salas de aula do Insper e os acampamentos do MTST é cada vez mais raro no Brasil polarizado de hoje.
Em suma, ele encarna como ninguém a proposta de quebrar as barreiras ideológicas e dar novo ímpeto ao pacto nacional da Constituição de 1988.
Dentre os legados da era Lula, com a devida exceção da luta contra a fome, o mais notável e de impacto transformador incontestado é a educação, área que Haddad comandou durante quase uma década.
Os inúmeros campi e escolas técnicas inaugurados, associados às cotas, ao Prouni, ao Fundeb e ao Enem transformaram o país, empoderando milhares de jovens.
O caráter inovador de sua gestão em São Paulo está sendo redescoberto graças à resiliência de projetos e realizações como a Controladoria Geral do Município, a renegociação da dívida com a União e as parcerias público-privadas.
Também se nota a percepção (tardia) por parte da opinião pública do acerto de medidas inicialmente polêmicas, como o novo plano diretor e as políticas de mobilidade urbana (diminuição da velocidade nas vias, corredores de ônibus, ciclovias), de direitos humanos, de desenvolvimento sustentável e de democratização do espaço da cidade.
Admirado e respeitado mesmo por antipetistas, está bem posicionado para liderar a transição do partido depois da possível, e deplorável, inviabilização da candidatura de Lula.
Coordenador do programa do PT, tem uma relação de confiança com lideranças tão antagonistas quanto Marina Silva e Guilherme Boulos, Ciro Gomes —que chama a aliança com Haddad de “dream team”—, Fernando Henrique Cardoso —para quem Haddad é o melhor interlocutor da esquerda— e Manuela D’Ávila, do PC do B, partido que foi parceiro indispensável de sua gestão em São Paulo.
A renovação e a abertura política que definem a atuação de Haddad são as únicas alternativas do PT para evitar a obsolescência —destino que tiveram os partidos sociais-democratas europeus que recusaram a se rever.
O movimento “Eu voto no Haddad, me pergunte por quê” foi cria- do durante as eleições de 2016. Ao longo do mês de setembro daquele ano, centenas de pessoas se empenharam em defender os avanços de sua gestão conversando com paulistanos pelas ruas da cidade.
O fato de ser uma iniciativa sem vínculo com estruturas partidárias, e tampouco com o candidato, permitia que o diálogo se estabelecesse de maneira mais aberta. Essa independência e liberdade de debate dão força para que o movimento continue ativo desde então.
Haddad se distancia da figura do político profissional pela trajetória acadêmica, à qual retornou após a passagem pela prefeitura; pela franqueza e serenidade de suas colocações; pela parceria produtiva com sua companheira Ana Estela, professora e gestora pública destacada.
Muito mais do que um “plano B”, Haddad tem tudo para ser o líder de uma frente ampla republicana, preocupada mais com os princípios programáticos do que com o velho pragmatismo, que ao mesmo tempo se coloque como alternativa competitiva aos vários cenários regressivos à vista. RICARDO TEPERMAN LUIS RHEINGANTZ ANDRÉ KWAK
Não se pode apenar mais a população do Rio de Janeiro com essa medida esdrúxula e inconstitucional [de vasculhar em blocos as casas de bairros]. Basta, a meu ver, que o governo ou o Judiciário aplique a lei, apenando quem esconde bandidos em suas casas (“De exceção em exceção”, de Bruno Boghossian, “Opinião”, 20/2).
ANTENOR BAPTISTA,
Pode até ser que Temer tenha outras razões para decretar a intervenção federal no Rio de Janeiro, que não exclusivamente a insegurança pública insustentável. O fato é que a medida já deveria ter ocorrido há muito tempo, o que seguramente teria poupado vidas.
LUCIANO HARARY
BNDES Ao afirmar que o BNDES atua “sem ter de se preocupar com competidores”, a Folha ignora que 40% dos créditos do BNDES são com micro, pequenas e médias empresas, disputadas por bancos públicos e privados (“Caixaspretas”, “Editoriais”, 20/2). No comércio exterior, o Banco concorre com cerca de 70 instituições e, no longo prazo, com mercado de capitais, bancos regionais e crédito internacional. Quanto às remunerações, o banco as dispõe no site e seu custo operacional (13,3%) é um terço da média dos maiores bancos brasileiros (46,9%).
MARCELO AUGUSTO KIELING, JOSÉ ALAN LUNA, ANDRE ELIAS MORELLI RIBEIRO
Reforma da Previdência Havia tanta pressa por parte do presidente da República, Michel Temer, e de sua equipe em votar a reforma da Previdência e de repente, por razões misteriosas, ela passa a ser retomada, segundo o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), só em novembro, quando a eleição já estará definida (“Temer desiste de reforma agora e anuncia plano B para a economia”, “Mercado”, 20/2). Coincidência ou teoria da conspiração? ÁUREA ROBERTO DE LIMA
Melhor mesmo seria deixar a reforma da Previdência para o ano que vem, depois da eleição. Por ora, é mais urgente aprovar uma lei contra a corrupção, pois é dos desvios de verbas públicas que surgem os principais problemas do país, entre os quais a violência.
JAIME PEREIRA DA SILVA
Venezuela O Itamaraty participa do grupo de trabalho sobre acolhimento de refugiados venezuelanos no país, especialmente em Roraima, Estado visitado pelo ministro Aloysio Nunes e por funcionários do órgão, como noticiado pela imprensa profissional, caso da Folha (“Painel do Leitor”, 20/2). O ministério colabora na provisão de alimentos para refugiados em Pacaraima e na viabilização do programa de interiorização. O governo tem oferecido à Venezuela alimentos e medicamentos para mitigar a situação dramática de sua população.
CLÁUDIO GARON,