Folha de S.Paulo

Condenado vai assumir o lugar de Maluf na Câmara

Junji Abe (PSD-SP) foi prefeito de Mogi das Cruzes; o parlamenta­r nega as acusações

- GÉSSICA BRANDINO

vogados dizem que não foi tratado pelo TRF-4 seria a competênci­a da Justiça Federal para julgar o processo. A defesa argumenta que os supostos crimes teriam ocorrido quando Lula ainda era presidente —logo, com foro privilegia­do, cabendo o julgamento ao STF.

Os advogados também questionam a competênci­a da 13ª Vara Federal de Curitiba, afirmando que o juiz Sergio Moro deveria se ater a processos envolvendo corrupção na Petrobras e que tal elo nunca foi provado no caso do tríplex, ainda que constasse na denúncia do Ministério Público. Essa questão, porém, já foi julgada e negada pelo próprio TRF-4.

No recurso, a defesa criticou intercepta­ção telefônica do escritório do advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula. Os advogados ainda voltam a questionar a imparciali­dade de Moro, citando a condução coercitiva de Lula e o levantamen­to do sigilo das intercepta­ções telefônica­s, em março de 2016, como prova da necessidad­e de suspeição do juiz. CASO TRÍPLEX Em 2017, Lula foi condenado pelo Moro a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. No julgamento que aumentou a pena de Lula, em janeiro de 2018, os juízes do TRF-4 disseram que o conjunto das provas sustenta a acusação.

O primeiro suplente de Paulo Maluf —preso em dezembro e afastado de seu mandato de deputado federal nesta segunda (19)—, Junji Abe (PSD-SP), foi condenado em segunda instância e acumula processos por improbidad­e administra­tiva.

O parlamenta­r foi prefeito de Mogi das Cruzes (região metropolit­ana de São Paulo) e chegou a ter o registro de candidatur­a a deputado federal barrado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) com base na Lei da Ficha Limpa, mas a decisão foi revertida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Abe foi condenado em segunda instância sob acusação de ter nomeado um procurador em Mogi das Cruzes sem a realização de concurso. O TSE autorizou a candidatur­a com a justificat­iva de que não houve enriquecim­ento ilícito no caso.

O advogado de defesa Marcelo Espanha afirma que está recorrendo da decisão da Justiça paulista no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e que a decisão do TSE mostra que não há impediment­o para que Abe assuma o mandato na quarta (21).

Espanha também afirma que houve vício nos julgamento­s, que provas deixaram de ser produzidas e que não houve prejuízo aos cofres públicos, já que o procurador prestou serviço.

Tramitam também na primeira instância da Justiça paulista 11 processos sob acusação de improbidad­e administra­tiva, um por suspeita de fraude em licitação do transporte público. Segundo o promotor Kleber Henrique Basso, há ainda um inquérito civil que investiga direcionam­ento de licitação em 2007.

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Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados Primeiro suplente de Maluf, deputado Junji Abe (PSD-SP)

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