Folha de S.Paulo

Ciro ataca Alckmin e Temer por ações na segurança pública

Presidenci­ável criticou intervençã­o no Rio e acusou tucano de ter acordo com PCC e fraudar dados

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Ex-ministro do PDT, um dos convidados do 2º Encontro Folha de Jornalismo, também fez críticas a Lula e ao PT

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidênci­a, criticou a política de segurança pública da gestão tucana em São Paulo e tambémdogo­vernofeder­aldurante o 2º Encontro Folha de Jornalismo, nesta terça (20).

“O PCC, a sede é São Paulo, e tudo indica que aqui fizeram acordo com autoridade­s locais há mais de uma década”, afirmou, referindo-se à facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital.

Ele acusou também o governo de SP de manipular estatístic­as de homicídios, calculando-as em desacordo com padrões adotados por outros Estados e recomendad­os por organismos internacio­nais.

“Aqui se fraudam indicadore­s de homicídios”, disse Ciro, sem detalhes. “São Paulo não cumpre a metodologi­a determinad­a pela Justiça para apurar crimes letais contra a vida.”

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que administra o Estado desde 2011 e está no seu terceiro mandato, deverá ser o candidato tucano nas eleições de outubro.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado considerou as afirmações de Ciro “descabidas”, defendeu as estatístic­as e disse que o trabalho das polícias estaduais contribuem para a “desarticul­ação de facções criminosas”.

Ciro classifico­u como “politiquei­ra” a decisão do presidente Michel Temer de intervir na segurança pública do Rio. Afirmou que a operação foi mal planejada e está destinada a ser um “desastre”.

“O Temer, diga-se a bem da verdade, é uma figura enojante. Porém, é um lutador. Eu fico zangado quando vejo o Temer esperneand­o e lutando e lembro que a Dilma deixou o país cair na mão dessa gente sem espernear e lutar”, disse.

Ciro voltou a criticar a insistênci­a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reivindica­r sua candidatur­a presidenci­al na Justiça, mesmo após condenação por corrupção e lavagem de dinheiro.

“A condenação pode ser injusta, mas não se pode dizer que seja arbitrária. Querer, com chicanas e incidentes processuai­s, deixar a nação refém de sua estratégia não está à altura de sua biografia.”

Questionad­o sobre aliança, disse que “a natureza do PT, assim como a do escorpião, é sempre afundar sozinho”.

Apesar das críticas, o ex-ministro havia marcado nesta terça (20) jantar com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT). É a primeira conversa entre eles desde a condenação de Lula.

Ciro afirmou que os eleitores buscam alternativ­as aos partidos tradiciona­is, “com muito ceticismo”, mas encerrou em tom confiante. “Acho que você está falando com o futuro presidente do Brasil.” MÍDIA Entrevista­do pela colunista da Folha Mônica Bergamo, Ciro defendeu mudanças na organizaçã­o das emissoras de TV, mas afirmou que não irá propô-las se chegar ao Planalto. “A melhor forma de regulação da mídia é o controle remoto.”

“A imprensa nacional é controlada por cinco famílias e uma igreja”, afirmou Ciro, referindo-se, provavelme­nte, aos grupos Folha, Globo e Estado, o SBT e a Bandeirant­es, e à Igreja Universal do Reino de Deus, da Rede Record.

“Essas famílias têm ativos, ideologias, compromiss­os, valores”, disse Ciro. “Se têm a nobilíssim­a função de informar o país, têm que ser plurais.”

No segundo dia do encontro organizado pela Folha, os convidados debateram a conduta de jornalista­s nas redes sociais, os novos formatos comerciais e a cobertura política em meio à polarizaçã­o.

O evento contou ainda com abertura do diretor do espanhol “El País”, Antonio Caño.

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Adriano Vizoni/Folhapress
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