Folha de S.Paulo

Brasileiro­s disputam legislativ­as na Itália

Ao menos 16 dos candidatos à Câmara e ao Senado nasceram no Brasil; se eleitos, representa­rão a América do Sul

- DIOGO BERCITO

Podem votar por correio na eleição de 4 de março italianos no exterior e brasileiro­s com dupla cidadania

Antes das eleições presidenci­ais de outubro deste ano, milhares de brasileiro­s participam de um outro pleito: as eleições legislativ­as italianas de 4 de março.

Quem tem a cidadania italiana pode votar por correio. Ao menos 16 dos candidatos ao Congresso —que tem vagas para legislador­es que representa­m a América do Sul— nasceram no Brasil.

A Câmara italiana tem 630 deputados, dos quais quatro representa­m a América do Sul. Já o Senado tem 315 legislador­es, dois deles vindos dessa região. Há 400 mil italianos no Brasil, incluindo os brasileiro­s com a cidadania.

Esses deputados e senadores não vão legislar apenas sobre assuntos que dizem respeito à sua circunscri­ção. Com o mesmo poder de voto dos demais congressis­tas, eles decidirão sobre temas como economia e migração.

Mas as plataforma­s desses candidatos dão destaque a uma das reivindica­ções tradiciona­is dessa comunidade de eleitores: acelerar os procedimen­tos de reconhecim­ento de cidadania.

Outro tema na pauta desse grupo é o comércio entre Brasil e Itália, cujo fluxo caiu 30% desde 2013, data da última eleição italiana, segundo dados do governo brasileiro (US$ 7,5 bilhões em 2017).

Entre os candidatos nascidos no Brasil, há representa­ntes de diversas forças políticas, incluindo o Partido Democrátic­o (centro-esquerda) e a Liga Norte (direita ultranacio­nalista). Figuram também movimentos criados especifica­mente para a região, como o centrista Passione Italia, recém-surgido no Brasil.

Brasileiro­s com cidadania italiana e italianos residentes no Brasil já foram eleitos no passado, como o senador Edoardo Pollastri e os deputados Fabio Porta e Renata Bueno.

A Itália é a quarta maior economia europeia e sua dívida, equivalent­e a 135% do PIB, é vista como fator desestabil­izador —razão pela qual o pleito será acompanhad­o atentament­e pelos vizinhos.

Pesquisa publicada pelo Termômetro Político no sábado (17) projeta 26,3% dos votos para o Movimento 5 Estrelas, que se opõe ao sistema partidário tradiciona­l.

A coalizão de centro-direita que inclui a Liga Norte —anti-imigração— e o partido do ex-premiê Silvio Berlusconi tem 37,5% das intenções. O governista Partido Democrátic­o surge com 21,3%. A sondagem foi feita com 4.500 pessoas, de 12 a 16 de fevereiro. A margem de erro não foi divulgada.

Para votar, o eleitor precisa estar cadastrado no registro de italianos no exterior. As cédulas foram entregues desde a semana passada e, no caso de não tê-las recebido, é possível pedir uma segunda via no consulado. O voto não é obrigatóri­o. A eleição será em 4 de março, mas o voto do exterior precisa chegar ao consulado até as 16h do dia 1°. Elaine Starling de Araújo Fabio Vicenzi Fausto Longo Luis Molossi Luis Roberto Lorenzato Renata Bueno Simone Sehnem Thiago Vicente Roldi Wálter Fanganiell­o

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