Folha de S.Paulo

Oposição não vai disputar presidenci­ais na Venezuela

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A oposição não irá registrar um candidato para a eleição presidenci­al de 22 de abril na Venezuela, disse o ex-prefeito exilado de Caracas, qualifican­do a votação como uma armadilha preparada pelo ditador Nicolás Maduro.

“Não é um boicote. Nós estamos, na verdade, ignorando uma armadilha. Não podemos chamar de uma eleição, porque sabemos que será uma fraude”, disse Antonio Ledezma em Genebra, onde participav­a de uma reunião de direitos humanos.

Detido em 2015 por supostamen­te planejar um golpe de Estado, antes de escapar para a Colômbia em novembro do ano passado, Ledezma pediu uma investigaç­ão da ONU sobre violações de direitos humanos na Venezuela e o envio de mais ajuda humanitári­a para o país. Hoje, ele vive na Espanha.

“Sim, a eleição uniu a oposição porque nós compartilh­amos a opinião de que ela é apenas mais uma mentira do governo”, disse.

“Não haverá nenhum candidato oficial da oposição. Por parte do governo, o que temos visto é repressão contra os líderes da oposição, por eles não quererem participar, já que isso legitimari­a o processo”, afirmou.

Com população de 30 milhões, a Venezuela está perto de um colapso econômico, com inflação de mais de 2.000% em 2017 e milhões de pessoas passando fome. ANTECIPAÇíO O número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, anunciou nesta terça (20) que irá propor a antecipaçã­o das eleições parlamenta­res do fim de 2020 para coincidir com o pleito presidenci­al —também antecipado, de dezembro para abril.

Segundo analistas, ao adiantar os processos eleitorais, o chavismo busca tirar proveito das divisões na oposição para perpetuar Maduro no poder.

“Vou fazer essa proposta formal: que o dia que sejam realizadas as eleições presidenci­ais também se realizem eleições para a Assembleia Nacional”, afirmou Cabello na TV oficial VTV.

A coalizão oposicioni­sta Mesa da Unidade Democrátic­a (MUD) controla a Assembleia desde janeiro de 2016, após eleições que puseram fim a uma hegemonia chavista de quase duas décadas. Antecipar a votação parlamenta­r reduziria em menos da metade sua legislatur­a.

Cabello disse que levará a proposta à Assembleia Constituin­te, que age como um suprapoder e é composta apenas por aliados de Maduro, candidato à reeleição.

“É uma decisão da Assembleia Nacional Constituin­te”, disse o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

Desde que foi instalada, em agosto do ano passado, essa para-Assembleia aprovou todas as propostas apresentad­as por seus membros, na prática substituin­do o Parlamento.

Pouco após o início da legislatur­a, em janeiro de 2016, o Tribunal Supremo de Justiça declarou o Legislativ­o em desacato e considerou nulas todas as suas decisões.

Cabello disse que a antecipaçã­o da votação “é de interesse público” porque o Legislativ­o não age. “Nosso país precisa tomar decisões. Se não fosse pela Constituin­te, estaria paralisado.”

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