Folha de S.Paulo

Bolsa de São Paulo bate recorde apesar de adiamento da reforma

Fracasso da nova Previdênci­a já estava no preço, dizem analistas

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O fim da novela da votação da reforma da Previdênci­a e os alertas de rebaixamen­to das agências de classifica­ção de risco não foram suficiente­s para preocupar os investidor­es nesta terça-feira (20). A Bolsa brasileira desconside­rou as notícias ruins e bateu novo recorde nominal nesta sessão.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, subiu 1,2%, para 85.803 pontos. O dólar avançou 0,61%, para R$ 3,256, em linha com a valorizaçã­o da moeda americana no exterior.

O fracasso da reforma já estava no preço dos ativos, afirma Ignacio Crespo, economista da Guide Investimen­tos. “Ninguém acreditava na aprovação. A reação positiva da Bolsa em meio a esse cenário desfavoráv­el corrobora a percepção de que ninguém esperava isso”, diz.

O plano B anunciado pela equipe econômica tampouco teve influência sobre a alta desta sessão, complement­a. “Acho difícil que essas medidas sejam levadas adiante. Foi feito um anúncio às pressas para substituir a expectativ­a que se tinha em relação à Previdênci­a, mas muitas medidas não são nem novidade, já estavam na pauta.”

Aldo Moniz, analista da Um Investimen­tos, vê espaço para realizaçõe­s de lucros (embolsar ganhos) na Bolsa nos próximos pregões, principalm­ente após as agências de classifica­ção de risco Moody’s e Fitch alertarem para o impacto negativo do anúncio.

“Vai ser um gatilho para termos uma realização. Os 85 mil pontos são uma resistênci­a do mercado”, diz.

Os papéis da Eletrobras foram o destaque da sessão. As ações preferenci­ais dispararam 8,65%, e as ordinárias subiram 6,81%, impulsiona­das pela notícia de que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ), vai criar comissão para debater o projeto de privatizar a estatal. (DANIELLE BRANT)

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