Folha de S.Paulo

Tiros no Rio e barraco em Brasília

- VINICIUS TORRES FREIRE

A CAMPANHA eleitoral, vaidades de candidatos e a repulsa popular a Michel Temer (MDB) enrolam o programa econômico do governo. Os governista­s se dão rasteiras na disputa de uns 3% de votos nas pesquisas, vide o sururu causado pela intervençã­o no Rio e pelo lançamento do “plano B” na economia.

O ônibus da recuperaçã­o econômica, porém, começa a andar mais rápido, embora ainda não pegue o povo, que espera no ponto.

Indicadore­s da virada de 2017 para 2018 dão bons sinais, tal como a medida do Banco Central de atividade econômica de dezembro, que veio bem mais forte do que o esperado. Além do mais, os números da previsão que o Ipea divulgou nesta terça (20) indicam que a recessão do investimen­to em construção civil na prática acabou no fim do ano passado. Vendas e lançamento­s de imóveis em São Paulo se recuperara­m também no último trimestre do campanha eleitoral para si ou para um escolhido, a intervençã­o no Rio.

O “plano B” de Temer para a economia começou com um vexame político e risco de fiasco. Como a reforma da Previdênci­a foi para o vinagre, o governo fez uma cena com ministros na segunda-feira (19). Queria mostrar que o programa de reformas não vai parar, além de dar uma oportunida­de de mídia para Henrique Meirelles (PSD) e equipe econômica mostrarem que não tinham

Deu rolo. Esqueceram-se outra vez de combinar com Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara e adversário de Temer e Meirelles na disputa pelos 3% dos votos nas pesquisas.

Na semana passada, Temer roubara o brinquedo da campanha eleitoral de Maia, a tal “agenda positiva da segurança”. Como de costume nessas rasteiras do Planalto, Maia chiou, disse que foi passado que o governo pretende aprovar no Congresso, em geral coisa séria e útil. Francament­e, qualquer governo tem pauta parlamenta­r. Para Maia, trata-se de desrespeit­o ao Legislativ­o, na verdade a ele mesmo.

Pode ser que assoprem os dodóis políticos do arreliado Maia outra vez, mas o “plano B” de Temer para a economia tem mais problemas.

Os deputados, indóceis com a eleição, não querem saber de mexer em impostos (caso do PIS/Cofins e da reoneração da folha de empresas). Pelo menos é o que dizem lideranças do centrão, o eleitor mediano do Congresso, digamos ironicamen­te. O governo tem maioria apertada tais como tempo de contribuiç­ão e regras de cálculo de benefício, que não dependem de mudanças constituci­onais. Disse que o governo está “criando espuma com a sociedade”.

Por ora, ao menos, a economia ignora o sururu no governismo. vinicius.torres@grupofolha.com.br

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