Para quem ela abre margem para abusos e violações.
DO RIO
O Exército mobilizou 3.000 de seus homens, com apoio de 1.000 policiais civis e militares, para cercar regiões com disputa entre facções criminosas e altos índices de violência no Rio como estratégia para “sufocar” criminosos e preparar terreno para a intervenção federal no Estado.
A operação entre segunda (19) e terça (20) foi feita também nas principais vias de acesso ao Rio, com bloqueios que devem se repetir nos próximos dias. Ela foi a primeira depois do decreto do presidente Michel Temer (MDB) para delegar a um general das Forças Armadas a autoridade sobre a segurança pública.
Com presença de tanques e blindados, a ação atingiu rotas rodoviárias (como a Dutra, que faz ligação com São Paulo) e comunidades da capital e região metropolitana.
Incluiu barreiras e revistas a pedestres e carros para mapear áreas e inibir bandidos para a segunda fase —que deve ocorrer com a intervenção já oficializada, após aprovação da medida pelo Senado na noite desta terça-feira.
O cerco visou ainda “cansar” bandidos em fuga, ao forçar deslocamentos que atrapalham ações do crime.
Até a noite desta terça, 11 suspeitos foram presos (em flagrante ou com base em mandados) e foram apreendidos 5 pistolas, 6 granadas, 11 rádios transmissores e um revólver, além de drogas, munições e veículos roubados.
A próxima etapa da ação em conjunto com militares terá a entrada nas comunidades de agentes das tropas de elite das polícias militar e civil do Rio, como Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Core (Coordenadoria de Recursos Especiais).
O cerco dos militares foi feito nas favelas do Chapadão, na Cidade Alta, e Kelson´s, Pica-Pau, Cinco Bocas e Tinta, na zona norte, além de comunidades de São João do Meriti e São Gonçalo, na região metropolitana, e em rodovias.
Com presença marcante do tráfico de drogas, essas regi- ões também são especializadas em roubo de cargas, um tipo de crime crescente e que já havia mobilizado as Forças Armadas no dia 25 devido à ação de caravanas de bandidos para assaltar, roubar cargas e trazer armas e drogas.
Integrantes da facção criminosa CV (Comando Vermelho) saíram, em 2010, do Complexo do Alemão, na Penha, em razão da instalação da UPP e migraram ao Chapadão.
A área é estratégica porque fica perto das principais vias de acesso à cidade, como avenida Brasil, Dutra e rodovia Washington Luís, que corta a Baixada Fluminense.
Traficantes da facção ADA (Amigos dos Amigos), aliada do PCC (Primeiro Comando da Capital), e do TCP (Terceiro Comando Puro) disputam esses espaços com bandidos do Comando Vermelho.
O total de agentes empregado na operação desta semana equivale a 6,6% do efetivo na ativa da PM do Rio. Em julho de 2017, uma ação chegou a ter 8.000 militares nas ruas. INTELIGÊNCIA A presença ostensiva da operação foi encerrada à noite, quando setores de inteligência monitorariam a movimentação de criminosos.
A base jurídica para a operação do Exército por enquanto é um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), de julho do ano passado, quando os militares começaram a fazer operações pontuais em favelas do Rio, mas com a segurança pública ainda a cargo do governo estadual.
Após a intervenção, a área ficará sob total comando do general Walter Souza Braga Netto, nomeado por Temer.
A gestão Temer manifestou a intenção de pedir aval à Justiça para que tropas do Exército façam mandados de busca e apreensão coletivos em ruas e bairros, sem especificar os endereço dos alvos.
A medida é criticada por entidades de direitos humanos,
Comunidades do Rio que receberam ações militares
‘CAMUFLADOS’ Um oficial envolvido na operação disse que, além de “sufocar” a área, a ação tentava flagrar criminosos “camuflados de funcionários de empresas que prestam serviços ou de estudantes”.
Neste mês, um bando fugiu da Cidade de Deus após um cerco de militares. Eles atravessaram a Linha Amarela, uma das principais vias expressas, que não estava cercada pela polícia, e sequestraram um ônibus para fugir.
Já a favela Kelson´s é vizinha do CIAA (Centro de Instrução