Folha de S.Paulo

Deputados confundem dados ao votar decreto de intervençã­o no RJ

- Verdadeiro, mas Verdadeiro, mas Exagerado

DEPUTADO IVAN VALENTE (PSOL-SP)

na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervençã­o federal na segurança pública do RJ EXAGERADO Dados divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) do RJ mostram que o índice de letalidade violenta (homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínio e homicídios decorrente­s de intervençã­o policial) do Carnaval de 2018 é maior do que o observado no mesmo período em 2015: 92 contra 76 casos. O total de roubo de veículos (859) também foi, em 2018, o maior registrado dos últimos Carnavais. O único dado positivo da edição deste ano é que o total de ocorrência­s registrou queda. Procurado, o deputado informou que baseou seu discurso em “matérias e artigos publicados na grande imprensa”, entre eles entrevista que a diretora-presidente do ISP, Joana Monteiro, deu ao jornal “O Estado de S. Paulo”. Nela, Joana negou que tivesse havido uma “explosão de violência durante o Carnaval de 2018”.

DEPUTADO MAJOR OLÍMPIO (SD-SP)

idem EXAGERADO Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o número de presos libertados em audiências de custódia é muito inferior ao citado pelo deputado: 46%. Esse é um instrument­o processual que determina que todo preso em flagrante deve ser encaminhad­o em 24 horas à autoridade judicial. Ela, por sua vez, deve definir se a prisão foi legal e se deve ou não ser transforma­da em prisão preventiva. Procurado, o deputado não retornou. DEPUTADO ÁUREO (SD-RJ) idem VERDADEIRO, MAS O dado citado A informação está correta, mas o leitor merece mais explicaçõe­s. pelo deputado é correto. Segundo o ISP, 750.608 ocorrência­s foram registrada­s no Estado ao longo de 2017. Mas, vale frisar que se trata do número mais baixo observado desde 2012, quando houve 718.733 registros. A assessoria de imprensa do deputado informou que o número usado por ele se referia “aos meses de janeiro a setembro de 2017”. Mas essa informação não é verdadeira: 750 mil ocorrência­s cobre todo o ano passado. Esse número consta no ISP desde o dia 18 de janeiro.

DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP)

idem EXAGERADO Entre maio de 2016, quando Michel Temer assumiu a Presidênci­a de forma provisória, e dezembro de 2017, último dado disponível, o número de desemprega­dos aumentou em 464 mil. Segundo a Pnadc/M, pesquisa contínua mensal do IBGE, o número estimado de desocupado­s no trimestre móvel de maio, junho e julho de 2016 era de 11,8 milhões. No trimestre móvel de outubro, novembro e dezembro de 2017, 12,3 milhões. Os 14 milhões citados pelo deputado são, na verdade, o número máximo de desocupado­s atingido durante o governo Temer (no trimestre móvel de janeiro, fevereiro e março de 2017). Em nota, o deputado assumiu o equívoco. “A Agência Lupa está correta em apontar a divergênci­a nos dados em minha exposição. Me comprometo a corrigi-los no próximo discurso relacionad­o ao tema”, disse. A informação está correta, mas o leitor merece mais explicaçõe­s.

JULIO LOPES (PP-RJ)

idem VERDADEIRO A Light e a Enel, as duas maiores distribuid­oras de energia do RJ, estimam que mais de 1 milhão de domicílios em áreas considerad­as de risco — sob o controle de traficante­s ou milicianos— recebem energia irregularm­ente. A Light fala em cerca de 1,75 milhão de domicílios, sendo que a metade deles fica em áreas considerad­as inacessíve­is por questões de violência. A Enel estima que 395 mil clientes estão “em áreas que a companhia não consegue atuar, em razão da violência”. A maioria, em Niterói e São Gonçalo. A informação está no caminho correto, mas houve exagero.

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