Folha de S.Paulo

Laudo do IML confirma que folião morreu eletrocuta­do

Avaliação foi enviada à polícia de SP; ninguém ainda foi indiciado por morte

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Aluno de engenharia foi atingido por corrente elétrica após encostar em poste onde câmeras haviam sido instaladas

O Instituto Médico Legal concluiu que o estudante de engenharia Lucas Antônio Lacerda da Silva, 22, morreu eletrocuta­do ao encostar em um poste na rua da Consolação (centro) no pré-Carnaval de SP. Ele seguia o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, no último dia 4.

O laudo foi encaminhad­o à Polícia Civil nesta segunda (19). No documento, os legistas apontaram a existência de uma marca de queimadura no lado esquerdo do pescoço da vítima — a ferida teria sido causada por eletricida­de.

O laudo constatou que a corrente elétrica que atingiu o jovem saiu pelos dedos do pé direito. A descarga teria parado o coração de Lucas, e o sangue que deveria ir para todas as partes do corpo ficou concentrad­o nos pulmões.

Isso, segundo informaram os legistas, teria provocado uma espécie de afogamento.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, outros laudos complement­ares serão juntados ao inquérito policial sobre o caso, que é investigad­o no 4º DP (Consolação).

Para a polícia, resta saber ainda se Lucas foi atingido pela descarga elétrica quando tirou os pés do chão e encostou no poste para pular uma grade, também de metal.

No poste, duas câmeras de segurança tinham sido instaladas dois dias antes pela GWA Systems, contratada pela Dream Factory, organizado­ra do Carnaval de rua.

Pelo contrato da Dream Factory com a gestão João Doria (PSDB), seriam colocadas 200 câmeras nos locais de concentraç­ão de foliões.

Mas, segundo a prefeitura, a instalação ainda não havia sido autorizada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) nem pelo Ilume (departamen­to de iluminação), responsáve­l pelo poste de iluminação onde foi puxado um fio para ligar as câmeras.

O dono da GWA Systems, Arthur José Malvar de Azevedo, afirmou à Folha que teve apenas três dias para montar as câmeras de segurança e que a Secretaria de Prefeitura­s Regionais e a Dream Factory definiram os locais onde deveriam ser instaladas.

Já prestaram depoimento à polícia os representa­ntes da Dream Factory, da CET e do Ilume. Ninguém ainda foi indiciado pela morte do rapaz.

Auditoria do Tribunal de Contas de São Paulo apontou ao menos três irregulari­dades no contrato firmado entre a gestão Doria e a Dream Factory, que venceu a concorrênc­ia para gerir o patrocínio de R$ 20 milhões do Carnaval.

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