Folha de S.Paulo

Aécio diz ao Supremo que provas contra ele são ilícitas

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porque fazem parte de uma ação orientada pelo procurador Marcello Miller, que atuou na força-tarefa da Lava Jato e posteriorm­ente foi contratado pelo escritório que atuava na defesa de Joesley, o Trench Rossi Watanabe.

Esse tipo de ação, de acordo com o advogado, requer autorizaçã­o judicial, o que não ocorreu com Aécio.

“Há indícios veementes e concretos de que membros do Ministério Público Federal —com ciência e anuência da Procurador­ia Geral da República— orientaram e atuaram na produção das ‘provas’ utilizadas na delação dos executivos da J&F, inclusive e, muito especialme­nte, na gravação”, diz Toron.

Há outro problema legal na delação que Joesley acabou firmando com a Procurador­ia, que posteriorm­ente foi rompida por conta de omissões, afirma a defesa de Aécio. Toda colaboraçã­o tem de ser espontânea; quando o Ministério Público provoca uma delação, ela se torna nula porque o princípio da espontanei­dade foi violado.

Toron diz ainda que a Procurador­ia omitiu uma conversa em que Joesley e a irmã de Aécio combinam um encontro no Rio para visitar o apartament­o que estava à venda, avaliado em R$ 40 milhões.

A defesa apresenta ainda declaraçõe­s de dois empresário­s (Pedro Moreira Salles e Robson Andrade) de que Andrea os procurou para oferecer o apartament­o que pertence à mãe de Aécio.

O advogado do senador aponta ainda que não há nenhum ato do senador que seja uma contrapart­ida aos R$ 2 milhões, essencial para caracteriz­ar o crime de corrupção passiva.

Toron afirma também que a acusação incorre em interpreta­ções “economicam­ente sem sentido e carentes de qualquer lógica”. Na denúncia apresentad­a, além dos R$ 2 milhões, a Procurador­ia acusa Aécio de ter recebido R$ 60 milhões em vantagens indevidas para garantir vantagens fiscais de R$ 24 milhões ao grupo J&F, que nunca foram obtidas.

Os R$ 60 milhões, de acordo com a defesa, foram doações oficiais a Aécio. Já os benefícios eram referentes a ICMS, um imposto estadual que não faz parte das atribuiçõe­s de um senador.

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