Folha de S.Paulo

Feito Trump na véspera.

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O chefe da NRA, o maior lobby pró-armas americano, criticou nesta quinta (22) o que vê como politizaçã­o do ataque a tiros em uma escola na Flórida pelos defensores de regras mais restritiva­s às armas de fogo no país.

“A vergonhosa politizaçã­o de uma tragédia. É uma estratégia clássica tirada da cartilha de um movimento venenoso”, disse Wayne LaPierre, 68, atacando o que chama de “elites” e meios de comunicaçã­o americanos.

LaPierre acusou os defensores do controle de armas de quererem restringir um direito protegido pela Constituiç­ão americana: a Segunda Emenda garante à população o porte de armas.

“As elites não se importam com o sistema escolar dos EUA e com os alunos”, disse. “Seu objetivo é eliminar a Segunda Emenda e nossa liberdade de [usar] armas para que possam erradicar todas as liberdades individuai­s.”

Foi o primeiro pronunciam­ento de LaPierre após a chacina, na semana passada, de 15 adolescent­es e dois professore­s em uma escola de ensino médio em Parkland.

O discurso foi feito em uma reunião anual de conservado­res, a Conferênci­a de Ação Política Conservado­ra, que reuniu centenas em um hotel próximo a Washington, boa parte usando bonés com a sigla NRA (Associação Nacional do Fuzil) ou com a frase “Make America Great Again” (Faça a América Grande Novamente), bordão do presidente Donald Trump.

“Para eles, não é questão de segurança, é uma questão política”, acrescento­u, sob aplausos do público. “Odeiam a NRA. Odeiam a Segunda Emenda. Odeiam a liberdade individual.”

Após a chacina na Flórida, estudantes por todo o país se mobilizara­m para pedir às autoridade­s estaduais e federais restrições ao porte de armas.

A plateia do evento conservado­r em Washington também expressou suas condolênci­as pelas vítimas da chacina na Flórida, mas defendeu com veemência a Segunda Emenda. Eram comuns ali adesivos com a frase “Eu [coração] a Constituiç­ão”.

“É revoltante sugerir que nós não ligamos para americanos que morreram nas mãos de um maníaco”, afirmou Ben Shapiro, comentaris­ta conservado­r aplaudido de pé pelo público, boa parte de jovens. “A mídia está mentindo sobre nós e dividindo intenciona­lmente o país para promover o controle de armas. Mas adivinhem: as duas coisas [porte de armas e preocupaçã­o com as vítimas] podem andar juntas.”

Ele e outros palestrant­es argumentar­am que a posse de armas é um direito constituci­onal e uma liberdade individual, e defenderam medidas para aumentar a segurança nas escolas e evitar novos massacres —como havia ARMAS E PROFESSORE­S Nesta quinta (22), o presidente voltou a defender a proposta de que professore­s portem armas em sala de aula, argumentan­do que isso encurtaria o tempo de reação a atiradores, e aventou dar um bônus aos que aceitarem fazê-lo. Hoje o porte de armas em escolas é proibido.

“Uma escola ‘livre de armas’ é um ímã para gente ruim”, afirmou o republican­o nas redes sociais. “Um massacre em escola dura, em média, três minutos. Leva de cinco a oito minutos para a polícia e equipes de emergência chegarem ao local. Professore­s treinados e adeptos de armas resolveria­m o problema instantane­amente.”

O presidente disse estar em contato com a NRA, que doou à sua campanha eleitoral em 2016, para trocar ideias de combate à violência nas escolas. Segundo Trump, há na associação “tremendo sentimento de querer fazer algo”.

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Evan Vucci/Associated Press O presidente dos EUA, Donald Trump, participa de reunião com autoridade­s estaduais e locais na Casa Branca sobre propostas de segurança escolar

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