Folha de S.Paulo

Migração europeia ao Reino Unido cai 45% com ‘brexit’

Queda no fluxo de cidadãos da UE afeta economia britânica, mostra estudo

- DANIEL BUARQUE

Ritmo de chegada de brasileiro­s também diminui, mas causa pode ser crise no país natal, diz pesquisado­r

é possível indicar por ora se o “brexit” vai afetar a imigração de brasileiro­s ao Reino Unido. O relatório não traz dados recentes por nacionalid­ade.

“O total de chegada de brasileiro­s caiu entre 2015 e 2016. Mesmo que em 2017 a queda continue, é difícil dizer o papel que o ‘brexit’ teve, já que a redução pode ser causada também pelos problemas econômicos no Brasil”, afirmou Rolbins, que estuda a comunidade brasileira no país.

Para ele, o “brexit” pode gerar efeitos diferentes para brasileiro­s. Por um lado, pessoas que têm ascendênci­a europeia e conseguem passaporte­s para viver na UE podem ter menos interesse em entrar no Reino Unido.

Por outro, a redução de mão de obra barata de imigrantes europeus, de países como a Polônia, pode abrir espaço para o contingent­e de brasileiro­s que vive ilegalment­e na Inglaterra.

Os planos da firma brasileira Embraco de transferir uma de suas fábricas da Itália para a Eslováquia viraram um tema eleitoral. O desemprego, que atinge 11% da população italiana, é uma das preocupaçõ­es dos eleitores que votam em 4 de março.

A empresa de compressor­es controlada pela americana Whirlpool deve eliminar 497 empregos na Itália. Isso fez com que o ministro do Desenvolvi­mento Econômico, Carlo Calenda, recorresse à Comissão Europeia para a Competição a fim de tentar impedir a mudança.

O ministro argumenta que os subsídios da União Europeia (UE) a economias menores, como a Eslováquia, fazem com que elas tenham custos operaciona­is mais baixos. “Esse é um ponto evidente em que o sistema não funciona como deveria.”

Nesta semana, funcionári­os da Embraco se acorrentar­am aos portões da filial de Turim. “Não vou desistir. Esta é a minha fábrica, que me alimentou por 25 anos”, disse Daniele Simoni à agência de notícias italiana Ansa.

A Confederaç­ão Europeia de Sindicatos está envolvida no caso e, segundo seu secretário-geral, o italiano Luca Visentini, trabalha agora para impedir a transferên­cia.

“Consideram­os que a decisão da empresa infringe as regras de competitiv­idade da UE”, diz à Folha. A central pede também que a empresa devolva os subsídios recebidos ao se instalar na Itália.

Em nota, a Embraco declarou que a decisão “foi motivada pelo cenário competitiv­o e por complexida­des de longa data que impossibil­itavam que a planta fosse lucrativa, apesar de investimen­tos significat­ivos”. ECONOMIA O caso teve impacto nas campanhas eleitorais porque toca em um ponto-chave das plataforma­s de partidos céticos em relação à UE, como o 5 Estrelas, contrário ao sistema partidário tradiciona­l, e a ultranacio­nalista Liga Norte.

Para essas forças políticas, a integração europeia é uma das explicaçõe­s para o desempenho insatisfat­ório da economia italiana, cujo PIB deve crescer 1,5% neste ano.

Matteo Salvini, líder da Liga Norte, disse que os planos da Embraco são um indício do fracasso do governo italiano do Partido Democrátic­o (centro-esquerda) em negociar as regulações de livre mercado no bloco europeu.

O presidente do Parlamento europeu, o italiano Antonio Tajani, afirmou que o caso das demissões da Embraco é “inaceitáve­l e mostra por que razão a Europa precisa mudar rapidament­e”.

Tajani, do Força Itália, do ex-premiê Silvio Berlusconi, deverá ser o chefe de governo em caso de vitória da coalizão de centro-direita que a sigla forma com a Liga Norte e com outras agremiaçõe­s.

Pesquisa do Termômetro Político prevê que essa aliança terá 37,5% dos votos. O 5 Estrelas aparece com 26,3%, cinco pontos a mais que o Partido Democrátic­o. A sondagem foi feita com 4.500 pessoas de 12 a 16 de fevereiro, e a margem de erro não foi divulgada.

 ?? Peter Nicholls/Reuters ?? Ônibus da campanha anti-‘brexit’ ‘Vale a Pena?’ estampa, em Londres, suposto prejuízo semanal causado pela saída da UE
Peter Nicholls/Reuters Ônibus da campanha anti-‘brexit’ ‘Vale a Pena?’ estampa, em Londres, suposto prejuízo semanal causado pela saída da UE

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