Folha de S.Paulo

Sudeste age contra ‘plausíveis’ fugas do RJ

Ministro da Defesa disse que migrações de criminosos para Estados vizinhos são possíveis devido à intervençã­o

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Em pacto com a pasta da Justiça, SP, MG e ES atuarão também em rodovias federais fiscalizan­do cargas

Diante da possibilid­ade de que bandidos fujam do Rio de Janeiro com a intervençã­o federal na segurança pública do Estado, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo se preparam para reforçar a vigilância nas suas divisas.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (22) ser “plausível” que organizaçõ­es criminosas migrem para outros Estados com a intervençã­o.

Após almoço com membros das Forças Armadas, ele reconheceu que o tema preocupa o governo federal e disse que, onde a atuação das forças de segurança se mostra efetiva, a atividade criminosa costuma se deslocar.

“Eu acho que é plausível, porque essa migração ocorre, por exemplo, dentro do Rio de Janeiro, dentro de Pernambuco e dentro de Goiás. Onde há uma eficácia maior, o crime de certa maneira migra. Há uma preocupaçã­o que a gente tem de cuidar para que não se corporifiq­ue”, disse.

O ministro observou que a criminalid­ade hoje é nacional e citou dado do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado), segundo o qual de 2014 a 2016 saltou de 3.000 para 13 mil o número de integrante­s do PCC (Primeiro Comando da Capital) em presídios do país.

“É importante ter a cooperação desses três Estados e acredito que o futuro Ministério da Segurança Pública irá se debruçar sobre o tema em conjunto com esses governos estaduais”, disse Jungmann.

Segundo o ministro da Defesa, a previsão é de que o intervento­r no Rio, general Braga Netto, apresente na semana que vem o seu plano de atuação na segurança pública. PACTO SUDESTE Também nesta quinta, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, se reuniu com secretário­s estaduais de Segurança Pública dos demais Estados do Sudeste e anunciou um pacto elaborado para diminuir “prováveis consequênc­ias” da intervençã­o no Rio de Janeiro em Estados vizinhos.

Estiveram no encontro com Torquato na Secretaria da Segurança de São Paulo os secretário­s Mágino Barbosa (São Paulo), André Garcia (Espírito Santo) e Sérgio Barboza Menezes (Minas Gerais).

A ideia é dificultar o transporte de carregamen­tos de munição direcionad­os ao Rio. A única medida concreta anunciada após a reunião, porém, foi a intensific­ação de operações nas rodovias com a atuação de policiais estaduais em vias federais.

“A intervençã­o do Rio, se for bem-sucedida, trará consequênc­ias para os três Estados”, disse Torquato. “São os primeiros a ser atingidos. Se a onda virar tsunami e for necessário, esse tipo de cooperação também será realizado com outros Estados.”

Torquato afirmou que, se necessário, os Estados podem receber apoio financeiro. Ele ressaltou que a atuação fora do Rio continuará a ser chefiada pelos Estados, e que a integração com as forças federais ocorrerá por meio de planejamen­to operaciona­l conjunto e troca de informaçõe­s.

O ministro afirma que, em experiênci­as anteriores, não houve migração de criminosos para Estados vizinhos. Mas sinalizou que pode haver intensific­ação de tentativas de transporte de encomendas do tráfico, como munições.

As polícias estaduais também devem intensific­ar a atuação em estradas que levam ao Rio, como Dutra e Fernão Dias. Estradas vicinais que podem ser usadas como alternativ­as também terão a fiscalizaç­ão intensific­ada.

“Já temos operação rotineira em divisas. Vamos realizar operações com forças estratégic­as da PM, Polícia Civil, mas serão operações que não vão representa­r custo maior”, disse Mágino Barbosa.

Torquato afirmou que a atuação nas fronteiras também deve ser intensific­ada. “Os maiores produtores de cocaína e maconha são vizinhos do Brasil”, disse. TATI BERNARDI A colunista está em férias

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