Ibama investiga contaminação de fábrica de alumina no PA
Laudo do Instituto Evandro Chagas confirma presença de chumbo e outros metais em rio; empresa norueguesa nega irregularidades
Após negar irregularidades em sua operação em Barcarena, no Pará a fabricante de alumina norueguesa Hydro Alunorte admitiu nesta sexta (23) a existência de uma tubulação que deságua no rio Murucupi. O Ibama agora suspeita que foi por ali que passaram os rejeitos que contaminaram comunidades vizinhas.
No fim de semana, moradores próximos da fábrica relataram mau cheio e cor adulterada da água, que transbordou por causa das forte chuvas. Um laudo do Instituto Evandro Chagas desta quinta-feira (22) confirmou a contaminação por chumbo e outros metais.
“É possível que tenha havido contaminação de rejeitos que estavam na área industrial e que, após a enchente da semana passada, tenham escoado pela tubulação”, disse Fernanda Pirillo, coordenadora-geral de Emergências Ambientais do Ibama, à Folha.
Na primeira inspeção, no domingo (18), dois representantes da Hydro não mencionaram tubulação, segundo o Ibama. O órgão ambiental avalia se houve má-fé —em caso positivo, a empresa norueguesa pode ser multada.
Pirillo afirmou que ainda não é possível saber se a tubulação era clandestina porque o licenciamento ambiental é de responsabilidade do governo do Pará.
Em 2009, o Ibama multou a empresa em R$ 17,1 milhões por lançamento de rejeitos no mesmo rio. A empresa recorreu, e até hoje nada foi pago.
A Hydro alega que a tubulação estava desativada e nega irregularidades e disse que irá fornecer água potável às comunidades atingidas.
A Secretaria de Meio Ambiente do Pará não respondeu se a tubulação achada estava prevista no licenciamento.
O Ministério Público Federal do Pará recomendou o embargo imediato embargo do depósito de resíduos sólidos da Hydro Alunorte.