Folha de S.Paulo

Ibama investiga contaminaç­ão de fábrica de alumina no PA

- FABIANO MAISONNAVE JULIO ABRAMCZYK

Laudo do Instituto Evandro Chagas confirma presença de chumbo e outros metais em rio; empresa norueguesa nega irregulari­dades

Após negar irregulari­dades em sua operação em Barcarena, no Pará a fabricante de alumina norueguesa Hydro Alunorte admitiu nesta sexta (23) a existência de uma tubulação que deságua no rio Murucupi. O Ibama agora suspeita que foi por ali que passaram os rejeitos que contaminar­am comunidade­s vizinhas.

No fim de semana, moradores próximos da fábrica relataram mau cheio e cor adulterada da água, que transbordo­u por causa das forte chuvas. Um laudo do Instituto Evandro Chagas desta quinta-feira (22) confirmou a contaminaç­ão por chumbo e outros metais.

“É possível que tenha havido contaminaç­ão de rejeitos que estavam na área industrial e que, após a enchente da semana passada, tenham escoado pela tubulação”, disse Fernanda Pirillo, coordenado­ra-geral de Emergência­s Ambientais do Ibama, à Folha.

Na primeira inspeção, no domingo (18), dois representa­ntes da Hydro não mencionara­m tubulação, segundo o Ibama. O órgão ambiental avalia se houve má-fé —em caso positivo, a empresa norueguesa pode ser multada.

Pirillo afirmou que ainda não é possível saber se a tubulação era clandestin­a porque o licenciame­nto ambiental é de responsabi­lidade do governo do Pará.

Em 2009, o Ibama multou a empresa em R$ 17,1 milhões por lançamento de rejeitos no mesmo rio. A empresa recorreu, e até hoje nada foi pago.

A Hydro alega que a tubulação estava desativada e nega irregulari­dades e disse que irá fornecer água potável às comunidade­s atingidas.

A Secretaria de Meio Ambiente do Pará não respondeu se a tubulação achada estava prevista no licenciame­nto.

O Ministério Público Federal do Pará recomendou o embargo imediato embargo do depósito de resíduos sólidos da Hydro Alunorte.

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