Folha de S.Paulo

O mercado de parlamenta­res também é confirmado pelo deputado que foi durante o maior período o responsáve­l

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Outros partidos políticos menores também estão na movimentaç­ão.

Do outro lado, na tentativa de segurar seus deputados, MDB, PSDB e PT estão sendo pressionad­os a formalizar contraprop­ostas de valores de campanha.

O MDB teve de anunciar nesta semana que dará R$ 1,5 milhão a cada deputado seu para a reeleição. PSDB e PT devem fazer o mesmo.

Nenhum deles, no entanto, tem caixa suficiente para cobrir ofertas de mais de R$ 2 milhões para as campanhas de cada um de seus deputados federais —eles têm um maior número de candidatos e precisam dividir o bolo com quem vai disputar cargos majoritári­os (Presidênci­a, governos e Senado).

“Nunca houve uma negociação tão explícita. Parece contrataçã­o de jogador de futebol. Oferecem luva, uma boa mesada e um prêmio no final”, afirmou Silvio Costa (Avante-PE). “O problema não é ideológico, é tudo dinheiro”, reforça Marcus Pestana (PSDB-MG).

Até o octogenári­o Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que está no décimo mandato, disse que não existe mais fidelidade partidária. “Aqui o candidato é mais forte que os partidos. Então, o candidato procura se fortalecer, e fortalecim­ento hoje em eleição é dinheiro.” ‘PILANTRAS’ pela articulaçã­o política do governo do presidente Michel Temer com o Congresso, Antônio Imbassahy (PSDB-BA). “Tem um grupo que está observando a cena, são dois aspectos básicos [para as migrações]: as questões locais, como sempre, e também aquilo que está sendo divulgado aí, de fundo partidário”, disse o ex-ministro da Secretaria de Governo.

Dizendo não participar de negociaçõe­s, o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) afirmou haver três tipos de bancadas, entre elas a dos pilantras. “Aprendi que tem três tipos de deputados, tem uma parte que é séria, uma parte que é pilantra e uma parte que fica aí vendo qual é a regra do jogo. Tem uma turma aí que joga pesado, tem uns partidos que jogam pesado.”

“Tem oferta para todo gosto. A média que estou ouvindo falar, dos partidos com mais credibilid­ade, é em torno de R$ 1 milhão, ou R$ 1,5 milhão”, afirmou Rodrigo Martins (PSB-PI).

A infidelida­de partidária é uma tradição no Brasil e existiu sem amarras até 2007, quando o Tribunal Superior Eleitoral editou regras para tentar barrar a prática.

Brechas na lei e a morosidade da Justiça, porém, fizeram com que a medida nunca tivesse eficácia completa.

Em 2015, o STF (Supremo Tribunal Federal) afrouxou essas regras ao liberar trocas para cargos majoritári­os — presidente, governador­es, senadores e prefeitos. Nesse mesmo ano, o Congresso aprovou lei estabelece­ndo uma janela do troca-troca a cada ano eleitoral. Folha - O senhor recebeu proposta para sair?

Adalberto Cavalcanti - Mas o que prometem agora?

Não prometeram nada, eu estou aguardando. A janela vai abrir, vamos ver. Qual deputado que não vai ver uma proposta? O fundo partidário é para isso. Por menor que seja o partido, ele vai ter fundo partidário. Partidos grandes vão ter menos dinheiro para deputado, certo?

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