Folha de S.Paulo

O governo é muito grande, bebe muito combustíve­l

ECONOMISTA DE BOLSONARO QUER PRIVATIZAÇ­ÃO RADICAL E DIZ QUE CANDIDATO VAI COMBATER ‘MÁQUINA DE MOER’ DO SETOR PÚBLICO

- FÁBIO ZANINI

ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Ex-capitão do Exército com posições estatizant­es, Jair Bolsonaro conferiu a um ultraliber­al a tarefa de criar seu programa econômico.

Aos 68 anos, Paulo Guedes tem doutorado pela Universida­de de Chicago, instituiçã­o que se tornou o símbolo do liberalism­o, alma mater de 29 prêmios Nobel de Economia, entre eles Milton Friedman, ícone dessa escola de pensamento econômico.

Com uma próspera carreira na área bancária, ele encontrou no presidenci­ável um aliado improvável. Desde novembro, os dois têm tido conversas quinzenais de quatro a cinco horas sobre temas econômicos. Falam-se com frequência por WhatsApp.

O presidenci­ável, segundo Guedes, tem aceito sua receita de privatizaç­ão radical, corte de impostos e independên­cia do Banco Central.

Depois de décadas recusando convites para ingressar no setor público, Guedes, CEO do Bozano Investimen­tos, se diz pronto a trocar suas caminhadas diárias pelo calçadão do Leblon por “aquela confusão lá” (Brasília). Bolsonaro já avisou que, se eleito, ele será seu ministro da Fazenda. atrás foram R$ 500 bilhões e ano passado, R$ 380 bilhões de juro da dívida. Bota isso 25 anos. Dava para ter acabado com a miséria? E a ordem é Bolsonaro?

A ordem é Bolsonaro. São os valores tradiciona­is e conservado­res. Pode juntar trotskista com marxista, socialista, social-democrata e fazer governos de coalizão de esquerda? Pode. É possível uma aliança política entre o liberal econômico e conservado­r em costumes? É por aí que pode vir a governabil­idade, uma aliança de centro-direita. É um novo eixo. É mais Brasil e menos Brasília. É não ter toma lá, dá cá, não ter 40 ministério­s.

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