Folha de S.Paulo

Tema ainda divide os estudantes

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DE WASHINGTON

Os apelos dos estudantes não são unânimes: a proposta de restringir a venda e a posse de armas, protegidas pela Constituiç­ão dos EUA, causa uma profunda divisão no país.

Cerca de um terço dos americanos possui uma arma em casa, segundo pesquisa do Pew Institute realizada no ano passado.

A maioria diz ter comprado o equipament­o para defesa pessoal, mas também há quem o utilize para caça, esporte ou como item de coleção.

Fuzis semiautomá­ticos, como o usado pelo ex-aluno Nikolas Cruz, 19, para atirar contra os estudantes em Parkland, na Flórida, podem ser comprados por qualquer pessoa acima de 18 anos. Três de cada cinco proprietár­ios de armas no país têm um deles.

Lobbies pró-armas financiam as campanhas de políticos nos EUA, inclusive a do presidente Donald Trump —que, nesta semana, sugeriu armar professore­s para evitar novos massacres.

“Eu entendo a paixão que esses alunos têm pelo assunto, mas é preciso olhar para os fatos”, disse à Folha o estudante de Chicago Colin FitzSimmon­s, 12, que esteve em um congresso de conservado­res em Washington nesta semana. “Não são as armas que tornam um país mais violento. O que é preciso é aumentar a segurança nas escolas.”

Muitos jovens defendem o porte de armas como uma liberdade individual, algo que está no DNA do país, e dizem que isso não pode ser negociado.

“É claro que eu sinto pelos alunos, mas o fato de alguém ter sido vítima não o torna especialis­ta no assunto”, afirmou o universitá­rio e republican­o Stevan Krainovich, 21. “Eles estão sendo usados como ferramenta política em um momento muito emocional”, concordou o colega de partido Jeff King, 21.

Após a chacina, Trump recebeu sobreviven­tes e prometeu proibir dispositiv­os que “turbinam” armas comuns, bem como aumentar a segurança em escolas e trabalhar por propostas para elevar a idade mínima para a compra de semiautomá­ticas. (EHC)

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