Paes negocia filiação com PSDB e PP para disputar governo do Rio
Os debates no Parlamento sobre o orçamento do ano fiscal que começa em abril impediram os encontros do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com autoridades japonesas em seu último dia no país, antes de seguir viagem para Coreia do Sul e Taiwan.
A comitiva liderada pelo deputado federal e também presidente da Liga Parlamentar Brasil-Japão, Luiz Nishimori (PR-PR), deveria ser recebida pelo lado japonês presidido pelo ministro das Finanças, Taro Aso. No entanto, o político japonês estava comprometido com os trabalhos do Comitê de Orçamento da Câmara.
A programação da segunda-feira (26) esteve concentrada em Tóquio. O presidenciável, acompanhado de seus três filhos políticos e outros dois deputados federais, foi recebido de manhã pelo viceministro da Educação, Kazuo Todani.
A audiência foi realizada depois da explicação dada por técnicos sobre o sistema de ensino japonês e se prolongou além do previsto. “Eu vi que aqui não existe a ideologia na escola, nem a questão da formação de militância, que é muito forte no Brasil”, disse Bolsonaro.
Em vários momentos da passagem pelo Japão, ele fa- lou sobre o que seria o tripé do seu possível governo enxuto, caso eleito, com cerca de 15 ministérios. “Na economia já temos o professor Paulo Guedes. Na defesa está préacertado o nome de uma pessoa, e na educação procuramos alguém que consiga entrar no ministério, dar uma guinada, abandonar aquela filosofia do Paulo Freire e voltar para a seriedade da questão educacional no Brasil”, disse. EDUCAÇÃO O escolhido poderia ser um militar ou um civil, e de qualquer gênero. “Queremos uma pessoa com autoridade, que consiga fazer que no Pisa (ranking internacional de avaliação de alunos), por exemplo, a gente suba no mínimo dez posições em uma década”, acrescentou. Segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico de 2017, o Brasil ficou na penúltima posição entre 36 países. O Japão aparece em segundo, atrás da Finlândia.
A inovação é outro tema que motivou Bolsonaro a fazer o giro pela Ásia. Na tarde da segunda-feira, a comitiva visitou a empresa de tecnologia NEC Innovation World e teve reunião a portas fechadas com lideranças da Keidanren, a federação da indústria do Japão, a quem o deputado falou sobre o cenário econômico.
A missão terminou em uma churrascaria brasileira de Tóquio. Como ocorreu nos encontros com a comunidade em Hamamatsu (260 km a sudoeste de Tóquio) e Oizumi (90 km a noroeste de Tóquio), Bolsonaro precisou deixar a comida de lado para atender pedidos de fotos e responder perguntas.
O jantar foi organizado por empresários locais e reuniu 95 convidados que desembolsaram 5.000 ienes (cerca de R$ 151) pelo bufê completo e mais três drinques.
Pelas cidades por onde passou, Bolsonaro ouviu lamentos sobre a situação do Brasil e foi diversas vezes abordado com perguntas sobre violência e impostos.
Potencial candidato ao governo fluminense, o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (MDB) se reuniu neste fim de semana com dois pretendentes —PSDB e PP— para definir seu futuro partidário. A tendência, segundo seus aliados, é que se filie ao PP.
Seu destino deverá ser anunciado dentro de dez dias. Embora os dois partidos tenham oferecido legenda para a disputa, Paes admitiu a hipótese de não concorrer ao governo do Estado, sob o argumento de que esse é o desejo de sua família. Hoje inelegível por decisão judicial, Paes teme também os desdobramentos da Operação Lava Jato.
No domingo, Paes se encontrou com o vice-governador do Rio, Francisco Dornelles, para discutir os termos de sua filiação ao PP. Ele recebeu carta branca para costura de alianças no Estado.
Em favor do partido, pesa o fato de o PP não ter candidato à Presidência, permitindo mobilidade a Paes. O tempo de TV do PP é compatível ao do PSDB.
No tucanato, sua candidatura seria obrigatoriamente atrelada à do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. No sábado, Paes se reuniu com Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes, para discutir o cenário eleitoral do Rio.
Na conversa, segundo a Folha apurou, Alckmin quis saber se o ex-prefeito era de fato candidato ao governo do Rio e abriu as portas da legenda a Paes.
Segundo aliados, o governador detectou algum receio de Paes em relação à Lava Jato. Alckmin pondera também os obstáculos que essa aliança poderia impor à aproximação do PSDB com o DEM.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer lançar o pai, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RJ), ao governo, mas a intenção é vista com ceticismo por interlocutores de Alckmin.
O governador paulista deixou as portas abertas para uma eventual filiação de Paes, que foi do partido e o deixou em 2007.
No ano passado, Paes conversou com PDT e PTB. Presidente petebista, Roberto Jefferson (RJ) chegou a recomendar que Paes se mantivesse no MDB. Na sua avaliação, Paes assumiria o comando do partido, que tem maior tempo de TV e capilaridade no Estado. Jefferson se comprometeu a apoiar a candidatura de Paes qualquer que seja seu partido.
O ex-prefeito do Rio também se reuniu com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, mas a candidatura de Ciro Gomes à Presidência poderia inviabilizar a construção de um amplo palanque no Rio.