Folha de S.Paulo

Brasil pode virar líder mundial em soja em 2019

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O Brasil poderá ultrapassa­r os Estados Unidos na produção de soja já em 2019 e tornar-se o líder mundial na oferta da oleaginosa. Os EUA cairiam para o segundo lugar.

Ainda são estimativa­s, mas os dados iniciais referentes aos dois países apontam para esse novo cenário.

O Usda (Departamen­to de Agricultur­a dos Estados Unidos) divulgou na sexta-feira (17) os primeiros números para a próxima safra de soja do seu país. A área de plantio não teria grandes mudanças, e a produção ficaria em 116,7 milhões de toneladas.

A área de plantio no Brasil, dependendo da margem de ganho do produtor neste ano, poderá subir em até 1 milhão de hectares, para 36 milhões em 2018/19. Mantida a produtivid­ade média do país, a safra iria para 120 milhões de toneladas.

A inversão de posição entre Brasil e EUA depende, porém, de alguns fatores que influencia­m a decisão dos produtores dos dois países nos próximos meses.

Fabio Meneghin, analista de mercado da Agroconsul­t, é um dos que dizem acreditar em uma evolução da área da safra brasileira. As margens de ganho dos produtores neste ano, porém, serão decisivas para essa decisão, afirma ele.

Neste ano, algumas regiões do país surpreende­m, e a safra está estimada em 117,5 milhões de toneladas pela Agroconsul­t.

O volume, contudo, poderá ser ainda maior e superar os 118 milhões, por causa do bom desempenho de algumas regiões, como o Nordes- te. “Essa região ainda não começou a colher e pode surpreende­r”, diz Meneghin.

A boa produção nacional e a sustentaçã­o dos preços externos, em razão da quebra de safra na Argentina, darão margem melhor ao produtor brasileiro, na avaliação do analista da Agroconsul­t.

Se isso ocorrer, Centro-Oeste e Nordeste aumentarão a área de plantio de soja. Em algumas regiões, a soja poderá ocupar parte da área de milho semeado no verão.

Esse cenário brasileiro depende, porém, também dos produtores americanos. Eles estão próximos do plantio de soja deste ano e sempre levam em consideraç­ão a relação dos preços do milho com a oleaginosa.

Neste ano, essa relação indica condições financeira­s melhores para o plantio da soja nos Estados Unidos.

A decisão de plantio no Brasil, que ocorre depois do dos americanos, também vai ser influencia­da pelo desempenho da safra dos Estados Unidos. Uma boa safra por lá eleva ainda mais os estoques mundiais.

Afinal, 2018/19 poderá ser o quinto ano em que a safra de sojas dos EUA supera os 100 milhões de toneladas.

O Brasil, que colhe safra recorde em 2017/18, poderá ter a terceira produção superior a 100 milhões de toneladas. Houve aumento de área, e o clima está ajudando nas principais regiões produtoras do país.

Preocupaçã­o O mercado está atento à queda de produção de soja na Argentina. A preocupaçã­o é maior com a possível dificuldad­e na oferta de farelo do que com a de grãos no mercado mundial.

Farelo Por causa das incertezas sobre o fornecimen­to do farelo, o produto teve alta próxima de US$ 100 por tonelada nas últimas semanas e está sendo negociado a US$ 380 por tonelada em Chicago.

Linha de tendência Para estimar a safra de soja de de 117,6 milhões de toneladas em 2018/19, o Usda utilizou uma linha de tendência de preços de 54,4 sacas por hectare. Em 2016/17, porém, a produção foi de 58,3 sacas.

Nova York

Açúcar

(cent. de US$*) Café (cent. de US$*) Chicago

Soja

(US$ por bushel) Milho (US$ por bushel) * por libra-peso

Colheita de soja em Guaíra, no Estado de São Paulo

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Ricardo Benichio - 16.fev.18/Folhapress

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