Folha de S.Paulo

Pessoas perderam controle de dados, diz engenheira

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DO ENVIADO A BARCELONA

Os dados pessoais poderão continuar sendo o petróleo da economia digital. Mas a maneira de trabalhá-los não deverá ser a mesma.

“Se eu quero usar seus dados, tenho de justificál­o. As coisas estão mudando em benefício das empresas e dos consumidor­es”, afirmou Aurélie Pols, engenheira da OX3 Analytics convidada a falar no Mobile World Congress. “Essa sociedade na caixa-preta não é o caminho para o futuro.”

Uma nova legislação entra em vigor na Europa em maio. Batizada de GDPR, ela harmoniza as regras em todos os países da região e obriga as empresas de tecnologia que vendem serviços aos europeus a serem muito transparen­tes. Como ninguém vai dar as costas ao mercado da Europa, a regra acaba por afetar qualquer empresa que opere na internet, além de induzir outros governos a se mexer, como já aconteceu com o Japão.

“Os indivíduos perderam o controle dos seus dados”, afirmou Clara Neppel, diretora do IEEE, entidade que congrega centenas de milhares de profission­ais de engenharia e tecnologia. “O usuário poderá ver que decisão foi tomada com seus dados e terá como contestá-la e mudá-la.”

Além do faroeste comercial criado pelo uso sigiloso dos dados, há implicaçõe­s éticas —pois, como disse Neppel, a tecnologia não é dada, e sim moldada pelos humanos.

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