Criminosos fogem de favelas após fim de cerco do Exército
Fuga no final de semana foi relatada por moradores de comunidades do Rio
Saída é uma reação à movimentação das Forças Armadas na semana passada em áreas de uma facção
da Segurança do Rio evitava confrontos com os criminosos ao anunciar com antecedência a ocupação de uma comunidade para a instalação de novas UPPs (Unidadede Polícia Pacificadora). No período entre o anúncio e o início da ocupação, a maioria dos traficantes fugia para outras comunidades.
Na ação de sexta (23), militares “ficharam” os moradores nas favelas cercadas. Eles só podiam deixar a região após passarem pelo cadastramento das Forças Armadas. O procedimento foi criticado por entidades como OAB e Defensoria Pública.
A foto e o RG dos moradores eram enviados para um setor de inteligência das forças de segurança, que avaliavam se o identificado tinha algum registro criminal.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Sérgio Etchegoyen, defendeu a medida nesta segunda. “Não me parece ser um problema fazer isso com ninguém. Impedidas de ir e vir estão as pessoas que hoje são tiranizadas pelo tráfico”, afirmou.
Nesta segunda (26), militares voltaram a fazer operação nas comunidades da Vila Kennedy, Coreia e Vila Alianças. As três são vizinhas. Segundo o Exército, a operação serviu para retirar barreiras de algumas entradas. Nesta semana, as Forças Armadas devem retornar às regiões.
Em blitz na rodovia Presidente Dutra no Rio, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 12 fuzis, 33 pistolas, 106 carregadores, uma granada e 40 mil munições vindas de Foz do Iguaçu (PR) e que iriam para o Complexo da Maré.
FERNANDA WENZEL,
Haverá um núcleo para investigar corrupção e desvios das polícias do Rio?
Apesar de essa ser uma expectativa dos especialistas, por ora não há previsão de se criar, no âmbito da intervenção, um núcleo de atuação com esse objetivo específico.
Quem julga os militares em caso de suspeita de abuso?
Desde outubro passado, militares das Forças Armadas que matarem civis são julgados pela Justiça Militar. Policiais militares, diferentemente, são julgados pela Justiça comum.
O interventor pode nomear integrantes das Forças Armadas para o comando da PM e para delegado geral do Rio?
Segundo Isabel Figueiredo, do FBSP, mesmo com a intervenção no Rio, vale o definido na legislação que segue em vigor. Neste caso, o interventor não poderia nomear um militar para a Polícia Civil, já que o cargo de chefia é para integrantes da carreira. De acordo com a especialista, interpretação semelhante deveria ser aplicada à Polícia Militar. Ela afirma, no entanto, que há possibilidade de que o cenário atual abra uma discussão neste último caso, uma vez que, pela Constituição, a Polícia Militar é uma força auxiliar das Forças Armadas.
O que dizem o ministério e as polícias sobre isso?
Questionado, o Ministério da Defesa informa que a questão “está sendo avaliada e será posteriormente divulgada pelo interventor”. Procuradas, as polícias do Rio informaram que só quem poderia responder é o Comando Militar do Leste. O comando não respondeu.