Folha de S.Paulo

América LOCO POR TI,

Torcedores de Corinthian­s, Palmeiras e Santos que irão ao exterior para assistir às partidas da Copa Libertador­es contam aventuras e apuros que a paixão por seus clubes proporcion­a

- ALBERTO NOGUEIRA EDOARDO GHIROTTO

DE SÃO PAULO

Até onde você iria para acompanhar seu time do coração? E o que você seria capaz de fazer por ele? O palmeirens­e Anderson Tadeu Orlandini Rodrigues, 34, terminou um casamento de 15 anos por conta das viagens que faz para acompanhar os jogos da sua equipe de coração tanto dentro quanto fora do Brasil.

“Meu casamento já não estava indo bem, então resolvi me entregar ao Palmeiras”, afirma o torcedor, que consumou o divórcio no início deste ano. “Minha ex-mulher reclamava muito. Eu sempre a convidei, mas ela nunca quis me acompanhar.”

Rodrigues é um dos palmeirens­es que vai assistir às três partidas que o clube disputará no exterior na fase de grupos da Copa Libertador­es. O primeiro jogo será nesta quinta (1º), contra o Junior Barranquil­la, na Colômbia.

O palmeirens­e possui um escritório de consultori­a com um sócio corintiano que, segundo ele, não se interessa por futebol. Os horários flexíveis permitem que o Palmeiras seja uma das prioridade­s de sua vida —assim como sua filha, de quatro anos.

No ano passado, ele estima ter gasto R$ 40 mil com jogos e produtos do clube.

As passagens da viagem para Barranquil­la foram compradas na manhã de sexta (23), horas após o time colombiano empatar com o Guaraní (PAR) e se classifica­r para a fase de grupos. Ele acredita que os gastos nesta primeira etapa do torneio ficarão em cerca de R$ 10 mil.

Torcedor do rival Corinthian­s, Diogo Thebas, 28, compartilh­a a obsessão por seguir o time fora do país. Ele afirma que não perde um jogo do clube alvinegro há oito anos.

“Se eu arrumar um emprego, tem que ser um no qual eu ainda consiga fazer as viagens para ver o Corinthian­s. Senão, eu provavelme­nte não aceitarei”, afirma Thebas, que hoje vive da renda de seus investimen­tos.

O amor pelo clube o fará ir até Cabudare, cidade localizada a 360 km de Caracas, capital da Venezuela, e onde está localizado o estádio em que o Deportivo Lara mandará o jogo contra o Corinthian­s.

Cabudare foi uma das cidades que ficou horas sem energia elétrica durante um apagão na última semana. Há também registros de greves de trabalhado­res do município, insatisfei­tos com a ditadura de Nicolás Maduro.

“A situação na Venezuela

O palmeirens­e Anderson Rodrigues, 34, que vai acompanhar as partidas de seu clube do coração no exterior durante a primeira fase da Libertador­es

me preocupa, principalm­ente em relação à hospedagem e à segurança. É uma incógnita, não sei o que encontrare­i por lá”, disse o corintiano, que usará milhas aéreas para assistir aos outros dois jogos do clube no exterior. CONTRATEMP­OS Dinheiro não é o único fator determinan­te para as viagens dos torcedores. É preciso dedicar tempo para fazer um planejamen­to. “Eu me empenho em estudar a tabela. Programo a minha vida de acordo com o Santos”, diz Lucas Castellani de Almeida, 31.

Despachant­e em Salto-SP, o santista esteve presente em duas derrotas para o Barcelona. A primeira por 4 a 0, no Mundial do Japão, em 2011, e a segunda no Camp Nou, quando seu time foi goleado por 8 a 0 em amistoso.

Ele vai para Cusco (Peru) nesta quarta-feira (28), onde o Santos enfrenta o Real Garcilaso no dia seguinte.

“É um vício. Você deixa de participar das festas de família e de fazer várias coisas. O pessoal não entende, mas quem gosta sabe que é assim”, declarou o torcedor.

Com as passagens para os outros dois confrontos fora do país compradas –contra Estudiante­s (ARG) e Nacional (URU)–, ele diz que não são apenas os resultados que marcam os jogos no exterior.

Almeida conta que mal conseguiu assistir a uma partida entre Santos e Cerro Porteño, em Assunção,

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