Folha de S.Paulo

Amazônia e os caminhos da sustentabi­lidade

A República não registra redução das desigualda­des regionais com tantos avanços como a que ocorreu na Zona Franca de Manaus

- APPIO TOLENTINO

Em agosto de 2014, por meio de suas representa­ções parlamenta­res, o Brasil reconheceu os acertos sem precedente­s da Zona Franca de Manaus, prorrogand­o seu formato de desenvolvi­mento por mais 50 anos.

A República não registra qualquer redução constituci­onal das desigualda­des regionais com tantos avanços: geração de renda e empregos —estimados em 3 milhões em toda a cadeia produtiva—, proteção florestal, prestação de contas da contrapart­ida fiscal.

Estamos entre os oito Estados da Federação que recolhem mais do que recebem dos cofres da União.

Esse avanço, porém, não faz parte dos propósitos da lei, posto que o mais apropriado seria aplicar a riqueza gerada nos domínios da zona franca nos Estados e municípios da Suframa, autarquia responsáve­l pela gestão da contrapart­ida fiscal, cujo orçamento deveria conter a letra da capacitaçã­o de recursos humanos, como se deu no passado.

O que pretendemo­s ou preparamos para as próximas décadas?

O melhor caminho é a mobilizaçã­o criativa de todos os atores envolvidos, tanto na ação empresaria­l como nos setores estratégic­os e de planejamen­to do tecido institucio­nal, compatibil­izando desenvolvi­mento e meio ambiente.

Cabe-nos revelar ao Brasil a imen- sidão de oportunida­des e benefícios dos recursos naturais. A hora exige gestão estratégic­a e sustentáve­l, metodologi­as e protocolos de acesso e ampliação das possibilid­ades de agregação de valor.

Polos de bioeconomi­a e tecnologia de informação e comunicaçã­o, portanto, são os próximos desafios da economia regional, integrados a ações espalhadas na Amazônia Ocidental e no Amapá.

Nesse sentido, um plano integrado regional, inserido no sumário nacional de uma política industrial, ambiental e de inovação tecnológic­a, supõe algumas premissas:

1) Não queremos nem podemos seguir como apêndice da economia e da política industrial, e sim fazer parte de sua formulação.

2) Para manter o dinamismo dessa política pública, incluindo o fomento da industrial­ização nas áreas de livre comércio dos demais Estados da Amazônia Ocidental e do Amapá, com uso racional de matéria-prima e apropriaçã­o da biodiversi­dade amazônica com pesquisa e desenvolvi­mento, temos que reter na região a riqueza aqui produzida.

3) É vital reduzir a burocracia, recuperar e defender nosso marco regulatóri­o, resgatar o conselho de administra­ção da Suframa como órgão independen­te e coordenado­r da presença federal na Amazônia Ocidental, conforme recomendaç­ão do Tribunal de Contas da União.

4) Assim, poderemos prover infraestru­tura de transporte, comunicaçã­o e energia, além de construir maior interligaç­ão logística na panamazôni­a,abrindo caminhos para minimizar os custos de importação e exportação, ampliando mercados.

Tendo em vista que a floresta só será conservada se a ela for atribuída uma função econômica, queremos rever e redimensio­nar o PIB da Amazônia Ocidental, o PIB verde,e assim precificar nossos ativos ambientais, cobrando as respectiva­s contrapart­idas econômicas para desenvolve­r novas modulações de cresciment­o da região e do país.

Dessa maneira cumpriremo­s nosso papel de promoção do desenvolvi­mento regional e de sua integração nacional. Mãos à obra. APPIO TOLENTINO,

No fundo, o discurso do autor é o de que os fins justificam os meios, argumento autoritári­o tradiciona­l. O fim dos direitos individuai­s começa quando tais princípios são aceitos.

RICARDO KNUDSEN

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