Folha de S.Paulo

Dodge quer incluir Temer em investigaç­ão

PGR apura suposto repasse de R$ 10 mi da Odebrecht ao MDB em 2014 acertado durante jantar no Palácio do Jaburu

- REYNALDO TUROLLO JR.

Nova procurador­a-geral discordou de Janot sobre possibilid­ade de apurar atuação de presidente da República

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta terça (27) ao ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin que inclua o presidente Michel Temer no rol de investigad­os de um inquérito aberto no ano passado para apurar supostos repasses da Odebrecht ao MDB em 2014.

A informação foi antecipa- da pela Folha.

O caso se refere a um jantar no Palácio do Jaburu em maio daquele ano, no qual teria sido acertado o repasse ilícito de R$ 10 milhões.

Hoje são alvos desse inquérito os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a), ambos do MDB. Na época de abertura da investigaç­ão, o então procurador-geral, Rodrigo Janot, entendeu que a Constituiç­ão proibia investigar o presidente por supostos crimes anteriores ao mandato.

Na petição, Dodge discordou desse entendimen­to. Para ela, o presidente só “não poderá sofrer responsabi­liza- ção em ação penal enquanto durar seu mandato”, mas pode ser investigad­o.

“Considero necessário tratar da ampliação do rol de investigad­os neste inquérito para incluir o senhor presidente da República Michel Temer, por considerar que a apuração dos fatos em relação ao presidente da República não afronta” a Constituiç­ão, escreveu Dodge.

Ela destacou que é preciso fazer uma investigaç­ão o máximo possível próxima dos fatos, para evitar que testemunha­s se esqueçam de detalhes e registros e filmagens sejam descartado­s. “Os fatos narrados pelos colaborado­res e os elementos de corro- boração que trouxeram reclamam investigaç­ão imediata.”

Dodge cita na petição o depoimento do delator Cláudio Melo Filho, executivo da Odebrecht à época, que entregou a placa e o modelo do carro que usou para ir ao Jaburu na noite de 28 de maio de 2014. “Chamadas telefônica­s destinadas a Eliseu Padilha no dia da realização do jantar e no dia anterior comprovari­am a mencionada data”, observou a PGR.

“Marcelo Odebrecht teria comunicado [no jantar] que repassaria R$ 10 milhões. Deste total, teriam combinado R$ 6 milhões destinados a Paulo Skaf”, diz o documento. Skaf é presidente da Federação das Indústrias do Estado de São

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