Folha de S.Paulo

Alckmin faz evento sobre segurança perto do Rio

Presidenci­ável tucano estará com forças da polícia no vale do Paraíba

- IGOR GIELOW

Aliados temem a dianteira do governo Temer na discussão, que foi disparada pela intervençã­o federal

Pressionad­o por aliados a não deixar o debate sobre a segurança pública como monopólio do governo Michel Temer (MDB), o presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB) deverá fazer nesta quarta (28) discurso durante uma grande mobilizaçã­o policial para marcar sua posição.

Segundo o plano até a noite de terça, o governador paulista estará em uma cidade do vale do Paraíba acompanhad­o de aparato da Polícia Militar —helicópter­os e cavalaria devem emoldurar sua fala, que, além de sinalizar disposição de combate ao crime, poderá ofertar ajuda ao Rio.

A região é a ponte entre o Estado e o vizinho, que está sob intervençã­o federal na segurança desde o dia 16.

Há dois cálculos envolvidos. Primeiro, conter a primazia de Temer, que interveio no Rio e nesta terça (27) catapultou Raul Jungmann do Ministério da Defesa à recémcriad­a pasta da Segurança.

Não que os estrategis­tas tucanos temam, a essa altura, o robustecim­ento de uma candidatur­a apoiada pelo governo —já se coloca na pista, por exemplo e apesar de diversas dificuldad­es, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD).

Nos meios políticos, o protagonis­mo que Jungmann vem ganhando com o apoio de Temer também tem chamado a atenção.

Ele não possui o perfil de um candidato a cargo majoritári­o nacional, mas a grande volatilida­de do quadro eleitoral permite todo tipo de especulaçã­o nesse ponto da corrida.

De um jeito ou de outro, o presidente conseguiu gerar grande fato político usando o mote que Jair Bolsonaro, o líder das pesquisas em que o virtualmen­te inelegível Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece, repisou sozinho nos últimos dois anos.

Há avaliação de que existe grande energia social mobilizada em torno da pauta da segurança, e os tucanos dizem ser importante posicionar Alckmin no debate.

Reservadam­ente, o governador disse a aliados que considerou a motivação de Temer meramente eleitoral, independen­temente da necessidad­e real da intervençã­o no Rio e da criação do ministério —algo que era bandeira dos tucanos, aliás.

Duas semanas depois, contudo, aparenteme­nte o governador foi convencido de que era preciso dar uma demonstraç­ão pública de força na área, sob pena não só de ver Temer passear sozinho, mas de atrair críticas a si.

Auxiliares citam como um momento de constrangi­mento a apreensão de fuzis ocorrida na rodovia Presidente Dutra na segunda (26). Apesar de ter ocorrido em solo fluminense, há indicação que as armas atravessar­am estradas paulistas impunement­e.

O segundo ponto na conta alckmista é o eleitorado paulista. Pesquisas internas à disposição do governador indicam que o maior temor da população é o transborda­mento da violência fluminense, sob cerco militar, para o Estado. Daí a escolha do vale do Paraíba para o discurso.

Até aqui, a retórica do presidenci­ável tucano era focado na redução dos índices de homicídios em São Paulo nos anos em que ele e seu grupo estiveram no poder.

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