ONU aponta elo entre Pyongyang e Assad
A Coreia do Norte tem enviado ao governo sírio suprimentos que poderiam ser usados na produção de armas químicas, afirmam especialistas da ONU.
A evidência da conexão norte-coreana surge quando os EUA e outros países acusam o governo sírio de usar armas químicas contra civis, inclusive em ataques recentes no subúrbio de Damasco chamado Ghouta Oriental, com o que parece ser gás cloro.
Os suprimentos da Coreia do Norte incluem azulejos, válvulas e termômetros resistentes a ácido. Técnicos em mísseis norte-coreanos também foram avistados trabalhando em instalações de armas químicas e mísseis na Síria, segundo o relatório, escrito por um grupo de especialistas que examinaram o cumprimento das sanções da ONU pela Coreia do Norte.
Entre 2012 e 2017, os possíveis componentes de armas químicas fizeram parte de pelo menos 40 carregamentos norte-coreanos não relatados de peças de mísseis balísticos proibidos e materiais que poderiam ser usados com fins militares e civis.
Especialistas que examinaram o relatório disseram que a evidência citada por ele não prova definitivamente a existência de uma colaboração constante entre a Coreia do Norte e a Síria sobre armas químicas, mas eles disseram que fornece o relato mais detalhado até hoje dos esforços para contornar as sanções destinadas a conter o avanço militar dos dois países. CONTRATOS O relatório, com mais de 200 páginas, inclui cópias de contratos entre empresas norte-coreanas e sírias, assim como listas de cargas indicando os tipos de materiais enviados.
A cooperação relacionada aos militares, se for confirmada, indica grandes fracassos na iniciativa internacional para isolar os dois países. Os carregamentos teriam escapado à detecção apesar de os dois países serem alvo de sanções altamente restritivas.
O relatório dá novos detalhes de uma relação militar entre a Coreia do Norte e a Síria que remonta a décadas.
Durante as guerras árabesisraelenses nos anos 1960 e 1970, pilotos norte-coreanos voaram em missões com a Força Aérea síria. Mais tarde, técnicos norte-coreanos ajudaram a desenvolver o arsenal sírio de mísseis balísticos e a construir uma usina de energia nuclear capaz de produzir plutônio, que pode ser usado para fabricar armas nucleares.
A Coreia do Norte ofereceu treinamento e apoio ao programa de armas químicas da Síria desde pelo menos os anos 1990, segundo um livro no prelo de Bruce Bechtol, exanalista da Coreia na Agência de Inteligência da Defesa dos EUA. LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES