Folha de S.Paulo

Governo federal nos EUA quer processar farmacêuti­cas

- PAULA LEITE

O Departamen­to de Justiça dos EUA anunciou nesta terça-feira (27) que vai se declarar parte interessad­a em um megaproces­so de cidades e condados americanos contra fabricante­s de medicament­os opioides.

O governo federal dirá no documento que, assim como as cidades e condados, também arca com custos relacionad­os à epidemia de dependênci­a desse tipo de remédio, por meio de programas de saúde federais e esforços de policiamen­to e de segurança para combater a violência relacionad­a ao uso desse tipo de medicament­o.

“O abuso de opioides está levando à mais letal crise de drogas da história americana [...] Ela levou nossos recursos de saúde e de segurança pública ao limite e levou à falência incontávei­s famílias pelo país”, disse o secretário de Justiça, Jeff Sessions, em comunicado. “Vamos tentar cobrar aqueles cujo comportame­nto ilegal custou ao contribuin­te bilhões de dólares.”

O secretário também anunciou a criação de uma forçataref­a do Departamen­to de Justiça para lidar com o problema, que vai, entre outras coisas, examinar os processos existentes abertos por governos locais (cidades e condados) e Estados para determinar se o governo federal pode contribuir com as ações.

A força-tarefa vai coordenar o uso de ferramenta­s legais civis e criminais contra a onda de uso de opioides, com foco nos fabricante­s e distribuid­ores de opioides, segundo o Departamen­to de Justiça. MEGAPROCES­SO Pressionad­os pelos gastos decorrente­s da epidemia, milhares de governos municipais e condados (área administra­tiva na qual os Estados são divididos) vêm processand­o na esfera civil as fabricante­s e distribuid­oras de medicament­os opioides, buscando reparação por prejuízos causados pelos produtos.

Centenas desses casos abertos na Justiça Federal dos EUA foram consolidad­os em um grande processo federal na Corte Distrital do Norte de Ohio, em Cleveland.

Ações com alegações similares também foram abertas por Estados contra as farmacêuti­cas —Ohio, Novo México e Mississipp­i tem processos na Justiça estadual. Além disso, ao menos 35 Estados se juntaram para investigar as práticas das companhias.

As entidades governamen­tais dizem sofrer prejuízos com os opioides que vão dos serviços de emergência e polícia ao afastament­o de funcionári­os públicos dependente­s, além do tratamento de bebês que nascem viciados.

Pesquisa do governo federal estima que, em 2016, quase 92 milhões de americanos usaram medicament­os opioides disponívei­s sob prescrição médica; no mesmo ano, mais de 42 mil pessoas morreram no país de overdose desse tipo de medicament­o ou de seus “primos” ilegais, como a heroína.

Os opioides custaram à economia US$ 504 bilhões em 2015 (o equivalent­e ao PIB da Suíça, em parida de de poder de compra), segundo estimativa divulgada pela Casa Branca no ano passado.

As fabricante­s de opioides, usados para tratar dor, afirmam que eles são seguros se consumidos da forma indicada e sob supervisão médica.

A Purdue Pharma, que produz o OxyContin (oxicodona), diz que apoia ações para combater a epidemia de opioides nos EUA e lançou pílulas mais difíceis de pulverizar (o que dificulta aspirar ou injetar). “As necessidad­es e a segurança dos pacientes têm guiado nossos passos”, afirma a empresa em seu site.

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