Folha de S.Paulo

Os argumentos contrários à flexibiliz­ação destacam os riscos de contaminaç­ão do solo e dos lençóis freáticos.

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ministros considerar­am que a gestão de resíduos não é de utilidade pública, ante um que votou a favor. Falta o votos de um ministro, que será dado nesta quarta.

Os aterros construído­s não deverão sofrer punições, mas a restrição limitará a construção de novos aterros e dificultar­á a expansão daqueles já existentes, segundo as empresas privadas do setor.

“Corre-se o risco de perpetuar o que ocorre hoje, que é 45% dos resíduos indo para lixões”, afirma Fabricio Soler, sócio da Felsberg Advogados especializ­ado na área e que representa a Abetre. “Pela experiênci­a, é difícil encontrar áreas aptas que não interfiram em áreas de proteção.” DANOS Um dos votos contrários à ocupação de áreas de proteção, dado pelo ministro Marco Aurélio Mello, destaca que o uso de substância­s químicas inerentes à operação dos aterros pode gerar danos ambientais.

A ministra Cármen Lúcia ressaltou que, nesse caso, as desvantage­ns de desmatar as áreas superariam os benefícios dos empreendim­entos.

“É um dos grandes debates no Brasil, a proteção ambiental contra a liberação de empreendim­entos prioritári­os. Embora seja importante ter a gestão de resíduos, até mesmo para a preservaçã­o, a flexibiliz­ação da regra significa uma intervençã­o no ambiente, que é justamente o objetivo da criação dessas áreas”, afirma Gustavo Magalhães, sócio do Fialho Salles.

Para Sérgio Gonçalves, diretor da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), o próprio processo de licenciame­nto ambiental pelo qual os empreendim­entos precisam se submeter já dá conta de analisar se o impacto compensa ou não os benefícios da obra.

Além disso, nem todas as áreas de proteção são próximas de cursos d’água, onde haveria mais risco de uma contaminaç­ão, afirma Simone Nogueira, sócia do setor ambiental do Siqueira Castro.

“A maior parte das áreas de preservaçã­o onde há intervençã­o de aterros são regiões próximas de montanhas, e não de cursos d’água. Você cria restrições que dificultam a construção. Não pode ter empreendim­entos de resíduo perto da cidade. E agora também não poderá ter perto dos morros. É preciso ter algum local para a disposição desses resíduos”, afirma.

O país tem 679 aterros sanitários, ante 1.794 lixões ou aterros com controles menores que os sanitários, segundo dados de 2015, os mais recentes divulgados pelo Ministério das Cidades.

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