Itambé cobra R$ 400 mi em nova disputa judicial contra a Vigor
SÃO PAULO - A Itambé abriu uma nova disputa contra a Vigor, ao acusar a antiga sócia de “roubar” um contrato de venda de leite em pó para a Venezuela. A empresa mineira perde um ressarcimento de R$ 400 milhões.
A arbitragem, iniciada naa segunda-feira (26), é mais um capítulo da guerra entre duas gigantes do setor lácteo: a francesa Lactalis, que comprou a Itambé, e a mexicana Lala, que adquiriu a Vigor.
No novo processo, a Itambé relata que passou a vender leite em pó para a Venezuela em dezembro de 2013, após a JBS fechar contrato para fornecer carne, frango e leite para o país de Nicolas Maduro. A família Batista era donos da Vigor. O negócio foi fechado por Joesley Batista, que recebeu missão da Venezuela chefiada por Diosdado Cabello, um dos homens fortes do chavismo. Joesley teria sido apresentado a Cabello pelo ex-presidente Lula.
Como a Vigor não produz leite em pó, a JBS escolheu a Itambé como fornecedora. A empresa mineira recebia diretamente da Venezuela e pagava uma comissão de 3% à JBS. A Itambé recebia US$ 5.800 por tonelada do produto, o equivalente a R$ 20 mil.
Em junho de 2015, o contrato com a Venezuela subiu de 1.000 para 6.000 toneladas por mês. A Itambé não quis correr o risco de vender um volume tão grande para a Venezuela, um país com histórico de calote. A Vigor passou então a coordenar o contrato, comprando leite em pó da Itambé de outros laticínios brasileiros.
O problema é que o valor pago à empresa mineira caiu. A Itambé passou a receber R$ 12 mil por tonelada, o preço praticado no mercado interno. O contrato ainda perdurou por mais oito meses. A Itambé agora cobra da Vigor a diferença entre os preços.
Essa é a quarta disputa judicial entre Vigor e Itambé, que começou quando a Lala adquiriu a Vigor da J&F.
Quando fecharam o negócio, os mexicanos também pretendiam levar a Itambé, que pertencia 50% a Vigor e 50% a CCPR (Cooperativa de Produtores Rurais de Minas).
Mas não conseguiram, porque a cooperativa exerceu seu direito de preferência, recomprou a parte dos Batista na Itambé e vendeu a empresa no dia seguinte para a Lactalis.
Procuradas, Vigor, Itambé e J&F não se pronunciaram. (RAQUEL LANDIM)