Público negro lota sessões de ‘Pantera Negra’
Em Nova York, plateia reage ao filme com gritos e aplausos e transforma evento em ritual de autoafirmação coletiva
Longa sobre herói da Marvel que combate o crime e ainda governa um reino africano já rendeu R$ 2,3 bilhões
Os corredores do Magic Johnson Theatre estão abarrotados. Em sessões de hora em hora em duas das nove salas desse cinema do Harlem, o histórico bairro negro de Nova York, “Pantera Negra” parece passar quase sem parar.
Na entrada e na saída, multidões fazem selfies imitando a pose do super-herói reluzente do cartaz do filme. Quase todos têm a mesma cor de pele, mas as culturas e origens desses negros que se identificam com as roupas, músicas e falas da trama refletem a mistura da cidade.
Véus cobrem os cabelos das muçulmanas. Enormes afros com pentes enfiados nos cachos turbinam o look dos garotos do bairro, enquanto outras meninas se dividem entre as de tranças coloridas e as que vão de brincos gigantes, lembrando o aro de uma cesta de basquete.
Muitos fazem da ida às sessões um desfile de moda mesmo, usando maquiagem e acessórios que evocam a estética afro-futurista do filme e transformando as salas do cinema em espécie de tapete vermelho do orgulho negro.
O blockbuster que já faturou cerca de R$ 2,3 bilhões em bilheterias pelo mundo desde que estreou duas semanas atrás parece ter um impacto mais profundo nesse cinema com enormes janelas voltadas para o Apollo, a casa de shows do outro lado da rua onde Ella Fitzgerald, Aretha Franklin e Billie Holiday começaram a cantar nas noites da maior cidade americana.
Não por acaso, retratos das cantoras estampam os corredores entre as salas de exibição, ao lado de outras figuras históricas como Martin Luther King e Muhammad Ali, o vidro sobre eles refle-
ATIYA ELLIOTT-SEMPER
publicitária americana