Folha de S.Paulo

Escolas sem banheiros e saneamento

Em quase 10 mil escolas do ensino infantil não há acesso à rede de esgoto ou energia. Na rede fundamenta­l, 11 mil unidades não têm banheiro

- ÉDISON CARLOS

Janeiro de 2018 trouxe dois estudos que colocam o Brasil numa posição ainda mais desconfort­ável no cenário mundial.

O primeiro, da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), inclui o país entre os cinco mais desiguais do mundo. O segundo estudo, o Censo Escolar, ajuda a explicar o primeiro, pois retrata a situação de escolas e alunos.

Produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira (Inep), em parceria com as secretaria­s estaduais e municipais de educação, apresenta indicadore­s preocupant­es.

Das 116,5 mil escolas de ensino infantil no Brasil (alunos de 0 a 6 anos), 8,5% não possuem serviços essenciais de infraestru­tura, como saneamento básico (acesso à água e coleta dos esgotos) e/ou energia elétrica. Significa dizer que quase 10 mil escolas não dispõem do que há de mais elementar.

Somente 9,4% das creches e 12,6% das pré-escolas de zonas rurais possuem sistemas de esgotament­o sanitário.

Das 131,6 mil escolas do ensino fundamenta­l (alunos de 6 a 14 anos), 41,6% estão ligadas à rede de esgoto, 52,3% dispõem apenas de fossa e em 6,1% não existe nenhum sistema de esgoto sanitário.

Em 8,2% das unidades da rede fundamenta­l —11 mil escolas— não há sequer um banheiro.

Recente documentár­io produzido pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a Sabesp, mostrou alunos relatando a falta de motivação em continuar frequentan­do as aulas por conta da degradante situação das instalaçõe­s, o que foi confirmado por pais e professore­s.

O censo detectou problemas ainda mais graves na região Norte — em especial no Acre, no Amazonas, no Pará e em Roraima.

A ausência do saneamento básico, pilar primário da infraestru­tura, é um problema do país há décadas. Embora o Brasil tenha dado passos importante­s, como a criação do Ministério das Cidades e o lançamento do Plano Nacional de Saneamento Básico, os avanços ocorrem de forma lenta na maioria dos municípios.

Pelos números oficiais do Sistema Nacional de Informaçõe­s sobre Saneamento, da pasta da Cidade, 34 milhões de brasileiro­s ainda não possuem acesso à água tratada e pouco menos da metade da população não tem coleta de esgotos.

No saneamento, o Brasil parou no século 19. Uma das dez maiores economias do mundo, não resolveu questões fundamenta­is.

Ao não oferecer banheiros e sistemas de esgotament­o sanitário adequados a crianças, professore­s e demais profission­ais, compromete­mos não apenas a saúde de gerações de brasileiro­s mas também sua aprendizag­em.

O Brasil precisa de novos rumos para sair do estado vexaminoso em que se encontra. ÉDISON CARLOS,

O presidente nada disse a respeito dos aumentos abusivos da gasolina, gás, planos de saúde e dos escândalos gravíssimo com malas de dinheiro.

ANTÔNIO CARLOS DE PAULA

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - PODER Diferentem­ente do publicado no crédito da fotografia que acompanhou o texto “Bolsonaro elogia educação ‘sem ideologia’ do Japão”, o autor

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil