Regime adia eleição presidencial na Venezuela para 20 de maio
Pleito em que Maduro tenta se reeleger será realizado junto com escolha de novos legisladores
Apesar de inclusão de termos de negociação, oposição reitera boicote e ameaça expulsar líder que decidiu concorrer
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), dominado por aliados do regime de Nicolás Maduro, adiou nesta quinta-feira (1º) para 20 de maio a eleição presidencial em que o ditador tentará se manter no cargo.
A escolha do novo mandatário, inicialmente marcada para 22 de abril, coincidirá com a dos membros da Assembleia Nacional e das Câmaras estaduais e municipais. No caso do Legislativo nacional, hoje controlado pela oposição, a votação foi antecipada em dois anos.
Segundo a presidente do CNE, Tibisay Lucena, o adiamento ocorreu após um acordo com os partidos que se inscreveram para a disputa.
Entre eles estão as siglas da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) que apoiam o ex-chavista Henri Falcón, único dirigente da frente a concorrer.
Lucena disse que, com o pacto, “ratifica-se que na Venezuela nossos líderes e representantes são eleitos com as mais amplas garantias constitucionais e democráticas”.
As decisões se basearam, de acordo com o CNE, no documento saído das negociações com a MUD na República Dominicana, suspensas em 7 de fevereiro. O regime adotou o texto final, embora a oposição tenha se recusado a assinar pela falta de garantias para a lisura do pleito.
O órgão prorrogou até sexta (2) o prazo de inscrição de presidenciáveis e até o dia 10 o registro eleitoral. Também manteve as seções dos votantes já inscritos como eram na eleição de 2015 para a Assembleia Nacional.
A alteração dos locais de votação era uma das principais reivindicações da MUD. Na escolha dos governadores, em outubro, o CNE mudou os centros dias antes da abertura das urnas, principalmente em redutos antichavistas. Esse foi, para a coalizão opositora, um dos motivos para a derrota da maioria de seus candidatos.
Em outros itens, porém, há incertezas. No caso do registro de eleitores no exterior, só havia sido permitida a inscrição dos residentes permanentes, impedindo o voto dos recém-emigrados pela crise.
Isso fez com que, dos 3 milhões de emigrantes venezuelanos em todo o mundo, cerca de 100 mil estejam inscritos. Só em 2017 mais de 700 mil chegaram à Colômbia.
Também está indefinida a observação eleitoral internacional. Lucena informou que Maduro pedirá ao secretáriogeral da ONU, António Guterres, que envie uma missão.
No entanto, não se sabe quando os monitores poderão entrar. Nas últimas votações, o regime só autorizou o ingresso dos estrangeiros dias antes da ida às urnas, impossibilitando uma missão que englobe todos os aspectos técnicos. BOICOTE