Folha de S.Paulo

Ajuda a refugiados palestinos está à beira do colapso, alerta ONU

Aloysio Nunes sinaliza disposição em atuar em conversas de paz

- CLÓVIS ROSSI

FOLHA

O chanceler brasileiro Aloysio Nunes Ferreira Filho foi avisado nesta quinta-feira (1º) em Ramallah, capital informal da Autoridade Palestina, que a Agência das Nações Unidas de Assistênci­a aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) está ameaçada de colapso já a partir de maio, como consequênc­ia do corte de fundos determinad­o pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

A afirmação foi feita por Pierre Krahenbuhl, comissário­geral da agência da ONU.

Krahenbuhl citou o fato de que 200 mil estudantes palestinos podem ficar sem aulas dentro de dois meses.

Disse também que o colapso da UNWRA certamente agravará a tensão na região, já aumentada desde que os EUA anunciaram a transferên­cia de sua capital de Tel Aviv para Jerusalém e até fixaram maio como a data para a mudança.

O Brasil é contra essa iniciativa porque entende que a situação de Jerusalém —reivindica­da como capital por Israel e pelos palestinos— deve ser definida no bojo das negociaçõe­s de paz entre as duas partes. Essa posição histórica foi reafirmada por Aloysio em reuniões com as autoridade­s palestinas.

Trump decidiu cortar de US$ 130 milhões para apenas US$ 60 milhões o volume de recursos enviados à agência da ONU, exigindo uma radical transforma­ção na maneira de atuar dela. A verba americana representa 30% do volume de recursos disponívei­s para a agência.

O chanceler deixou claro às autoridade­s do Estado Palestino —designação oficial aceita pelo Itamaraty desde 2010— sua disposição para participar de um processo negociador, se e quando ele for retomado.

Os três representa­ntes palestinos com os quais o chanceler se reuniu foram unânimes em afirmar que os EUA perderam a condição de negociador imparcial, ao deslocar a embaixada para Jerusalém. Por isso, gostariam de ampliar o quadro de negociador­es para além do chamado Quarteto (ONU, EUA, União Europeia e Rússia).

O presidente Mahmoud Abbas, o premiê Rami Hamdallah e o chanceler Riad Malki, os interlocut­ores de Aloysio, insinuaram um convite, interpreta­do pela delegação brasileira mais como cortesia do que como real intenção de incorporar o Brasil ao processo.

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Abbas Momani/AFP O líder palestino, Mahmoud Abbas (dir.), com o chanceler Aloysio Nunes, em Ramallah

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