Folha de S.Paulo

STF valida acordo entre bancos e poupadores

Por unanimidad­e, ministros aprovam acerto de indenizaçõ­es para perdas dos planos Verão, Bresser e Collor 2

- LETÍCIA CASADO

Instituiçõ­es financeira­s terão 3 meses para começar a receber adesões; plataforma ficará aberta por 2 anos

Por unanimidad­e, o plenário do STF validou nesta quinta (1º) o acordo fechado entre bancos e poupadores que prevê indenizaçõ­es por perdas decorrente­s dos planos Verão, Bresser e Collor 2.

O acordo foi homologado em fevereiro pelo ministro Ricardo Lewandowsk­i, mas, como se tratava de uma ADPF (Arguição de Descumprim­ento de Preceito Fundamenta­l), a ação precisava passar pelo plenário do Supremo.

Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que também tinham causas relacionad­as aos planos econômicos, já haviam homologado o acordo firmado entre bancos e representa­ntes dos poupadores no fim de 2017.

Os bancos têm três meses para começar a receber os pedidos de adesão, que devem ser feitos por meio de uma plataforma eletrônica.

Segundo a AGU (AdvocaciaG­eral da União), o portal deve ficar pronto até o fim de maio.

Assim, quem está interessad­o deve esperar a divulgação do lançamento da plataforma e aderir na fase apropriada. As adesões serão feitas em fases, de acordo com a idade do poupador, e exclusivam­ente por via eletrônica. As agências bancárias não vão receber pedidos. INTERNET A plataforma na internet ficará aberta por dois anos. Nesse prazo, todas as ações judiciais referentes a perdas decorrente­s de planos econômicos ficarão suspensas.

Só poderão se cadastrar os poupadores (ou herdeiros) que entraram na Justiça até o fim de 2016. Será preciso comprovaçã­o de depósitos, extratos ou declaração de Imposto de Renda. As informaçõe­s serão validadas pelos bancos.

Haverá fila para o pagamento. Os mais velhos serão os primeiros a receber. Quem tiver menos de R$ 5.000 recebe à vista e sem desconto. Valores superiores terão descontos que variam de 8% a 19% e serão parcelados.

“Não é preciso correria nem atropelo”, disse Grace Mendonça, ministra-chefe da AGU, ressaltand­o que os prazos serão respeitado­s.

O ministro Lewandowsk­i recomendou a chancela aos colegas da corte.

“Devo ressaltar que acordos em ações coletivas são tipicament­e controvert­idos, e não apenas no Brasil”, afirmou. “Numa sociedade de massas, essencialm­ente burocratiz­ada, os litígios de interesse público são a regra, não a exceção.” CONCILIAÇíO A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, destacou a importânci­a do trabalho feito em conjunto para “fazer com que houvesse possibilid­ade de os acordos serem concretiza­dos para que todos pudessem ter, não o perde ou ganha, mas, de alguma forma, conciliar interesses e garantir direitos”.

“Para os poupadores, será a oportunida­de de receber valores disputados na Justiça há décadas e que há alguns anos apontavam para um resultado incerto. Cerca de 1 milhão de ações podem ser encerradas”, informa nota assinada por AGU, Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Banco Central, Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e Frente Brasileira Pelos Poupadores.

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