Folha de S.Paulo

May sugere parceria comercial Londres-UE após ‘brexit’

Primeira-ministra britânica diz que ‘vida ficará mais difícil’, mas sugere formas de preservar parte das tarifas e do status atual

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A primeira ministra britânica, Theresa May, declarou nesta sexta (2) que seu país não recuará da decisão de deixar a União Europeia, mas defendeu que os dois lados mantenham uma parceria comercial após a separação.

O discurso em Londres foi uma tentativa de reagir às críticas à sua condução das negociaçõe­s para o “brexit”, a saída britânica da UE.

May admitiu que o Reino Unido terá menos acesso ao mercado comum europeu após a secessão e que terá que manter algumas regras comerciais do bloco. “Estamos saindo do mercado comum. A vida será diferente”, disse.

Para tanto, a conservado­ra defendeu um acordo comercial com Bruxelas.

Segundo sua proposta, o Reino Unido manteria as tarifas europeias ao negociar com os países do bloco e, para o resto do mundo, teria suas próprias tarifas. Em troca, os britânicos preservari­am o acesso ao mercado financeiro do bloco —muitas das empresas europeias do setor, crucial na economia britânica, têm sede em Londres.

“Todos precisamos encarar os fatos difíceis. Nenhum de nós conseguirá exatamente o que quer”, afirmou.

“Então temos que encontrar o equilíbrio. Mas não podemos aceitar ter os direitos do Canadá e as obrigações da Noruega”, afirmou, citando o nível intermediá­rio de acesso a mercados europeus de dois parceiros do bloco.

May disse ainda que a Corte Europeia de Justiça não poderá ser a única instância para resolver disputas comerciais entre o bloco e os britânicos, mas reconheceu que as decisões do tribunal terão que ser levadas em conta. do bloco, medida criticada pelos britânicos.

Na prática, isso significar­ia que a Irlanda do Norte seria considerad­a parte do mercado único e da união aduaneira, e bens vindos do resto do Reino Unido seriam submetidos a verificaçã­o.

Por isso, May voltou a afirmar que não aceitará nenhuma medida que divida o país e que não haverá barreiras para o trânsito interno dentro do território britânico.

A disputa acontece porque a República da Irlanda, um país independen­te que faz parte da UE, exige que a fronteira com a vizinha Irlanda do Norte permaneça aberta como é atualmente, sem haver barreiras físicas.

May promete respeitar o acordo entre as Irlandas e não impor uma fronteira física, mas não explicou como fará isso sem criar uma barreira dentro do Reino Unido.

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Leon Neal/Associated Press A conservado­ra Theresa May, primeira-ministra britânica, fala sobre a UE em Londres

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