Folha de S.Paulo

Resposta definitiva

-

O principal ponto de interrogaç­ão da política em 2018 deixou de ser a cada vez mais improvável candidatur­a de Lula e se deslocou para as dúvidas em relação à possível prisão do petista. A despeito da resistênci­a da ministra Cármen Lúcia, aumenta a pressão dentro e fora do Supremo Tribunal Federal para que a corte dê um direcionam­ento definitivo para o caso.

A presidente do STF foi taxativa ao se recusar a rever agora o entendimen­to que determina o início da execução de penas após condenação em segunda instância —o que levaria Lula para a cadeia em um mês, após o julgamento dos embargos que apresentou no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Seus colegas, porém, consideram inescapáve­l a responsabi­lidade do Supremoejá­enxergamum­amudança no ambiente do tribunal.

A defesa feita pelo decano Celso de Mello de que o assunto deveria serenfrent­ado“semqualque­rvinculaçã­o a um dado caso concreto ou a uma determinad­a pessoa” foi interpreta­da como a senha para um recuo de Cármen. A ideia é que a presidente inclua na pauta um processo não relacionad­o a Lula, mas que terá impacto na situação do petista.

Até mesmo adversário­s do ex-presidente tentam persuadir o Supremo a dar uma resposta definitiva aos questionam­entos sobre a execução provisória de penas. Nomes graduados do PSDB e do governo Michel Temer já manifestar­am a ministros dotribunal­preocupaçã­ocomosdesd­obramentos de uma prisão de Lula.

É crescente entre esses personagen­sotemordeq­ue,comopetist­ana cadeia, uma parcela consideráv­el da população veja o processo eleitoral com desconfian­ça, o que ampliaria a instabilid­ade do próximo governo.

O cenário mais provável é que um mandado de prisão contra Lula seja expedido antes que o STF se posicione, mas surgem sinais de que a corte deverá revisitar o tema para dar uma resposta definitiva a esses questionam­entos —seja qual for a decisão.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil