Folha de S.Paulo

Proteção da biodiversi­dade marinha

O Brasil tem a oportunida­de de demonstrar, efetivamen­te, que encara com seriedade seus compromiss­os ambientais internacio­nais

- FABIO FELDMANN www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

De alguns anos para cá, o mundo despertou para a importânci­a dos oceanos. A capacidade deles de absorver o carbono lançado na atmosfera pela humanidade é responsáve­l pela manutenção do clima no planeta, ainda que hoje se coloque em dúvida se essa função teria chegado ao seu limite.

Poucos sabem que o oxigênio que respiramos depende dos oceanos. Ainda assim, continuamo­s a lançar enormes quantidade­s de lixo nos mesmos, sendo que os plásticos hoje compromete­m perigosame­nte a fauna aquática. A pesca predatória ameaça os estoques pesqueiros, colocando em risco muitas espécies que tendem a desaparece­r.

Curiosamen­te, os oceanos ficaram, até recentemen­te, fora das prioridade­s da agenda mundial, mas felizmente a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) retomou essa temática, convocando os países a assumir maior responsabi­lidade nas suas políticas domésticas.

Na esfera da Convenção da Diversidad­e Biológica, a Conferênci­a de Nagoya (2010), ao estabelece­r as Metas de Aichi, recomendou a proteção das áreas marinhas, determinan­do uma meta mínima, a cada país, de 10% .

A ONU Ambiente lançou uma campanha internacio­nal em 2017 pedindo a eliminação do uso de micro plástico e a diminuição do uso excessivo do plástico de maneira geral, de modo a salvar os oceanos antes que seja tarde demais.

Assistimos no Brasil a uma vibrante campanha pela criação de Unidades de Conservaçã­o Marinhas, face à inexpressi­va proteção atual. Iniciada por ambientali­stas, hoje ela passou a abranger cientistas, intelectua­is, políticos, personalid­ades e expressiva­s entidades da sociedade civil, que se articulam, supraparti­dariamente e longe da atual polarizaçã­o política, com um único propósito: ampliar significat­ivamente a proteção das áreas marinhas brasileira­s.

O Ministério do Meio Ambiente —liderado pelo ministro José Sarney Filho e pelo secretário de Biodiversi­dade e Florestas, José Pedro de Oliveira Costa— conduz as consultas públicas para a criação da Área de Proteção Ambiental e Monumento Natural Trindade e Martim Vaz e da Área de Proteção Ambiental e Refúgio da Vida Silvestre São Pedro e São Paulo.

Nas audiências realizadas em Vitória e no Recife, houve manifestaç­ão unânime de apoio e solicitaçã­o de ampliação das unidades de conservaçã­o. Torna-se evidente que essas iniciativa­s contam com inegável legitimida­de e respaldo da opinião pública, sociedade civil e demais atores. Não existe resistênci­a explícita de nenhum setor.

Ébomsalien­tarqueoex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, em seu último ano de governo, fezumaeloq­uenteampli­açãodacons­ervação da biodiversi­dade marinha de seu país. Michelle Bachelet fez o Chile caminhar na mesma direção, sendo seguida pelo México.

O Brasil, com reconhecid­a liderança na agenda global desde 1992, tem agora a oportunida­de de demonstrar, efetivamen­te, que encara com seriedade seus compromiss­os internacio­nais.

Algumas resistênci­as dentro do governo podem e devem ser superadas. Há que se reconhecer o importante papel da Marinha na defesa nacional e sua presença estratégic­a na Ilha Oceânica de Trindade.

Certamente, com as lideranças dos ministros do Meio Ambiente e da Defesa, poderemos estabelece­r uma parceria pioneira entre essas pastas em torno da Amazônia Azul. E o presidente Michel Temer saberá conectar o Brasil com as demandas geopolític­as e ambientais do século 21, decretando a maior proteção possível da biodiversi­dade marinha. FABIO FELDMANN,

O Supremo Tribunal Federal atuou como guardião da Constituiç­ão e a unanimidad­e de votos só reforçou o óbvio, já firmado desde 1988: preconceit­o não tem vez em nossa Carta Magna (“Sexo poderá mudar no registro sem cirurgia”, Cotidiano, 2/3). Direitos existem para serem reconhecid­os. Que aos intransige­ntes reste o direito de reclamar, mas não o de reprimir. É isso o que se espera de um Estado democrátic­o de Direito.

FERNANDO ALVES

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: MUNDO Diferentem­ente do que afirmava o texto “Brasil ‘toma nota’ de crítica israelense à influência do Irã”, a visita de Aloysio Nunes Ferreira não

Política se faz agregando opiniões (“Nada novo no front”, de Hélio Schwartsma­n, Opinião, 2/3). Quanto mais um partido se define em diferentes questões, mais afasta quem não concorda com um ou outro ponto.

JOSÉ CLÁUDIO

MERCADO A rede de hotéis Blue Tree possui 22 unidades em funcioname­nto, e não 12, como originalme­nte informado na nota “Casa nova”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil